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Em 5 dias, Bolsa caiu mais de 10%; dólar fecha acima de R$ 2

O movimento foi potencializado pelo vencimento do Ibovespa futuro, que fez a bolsa registrar novo recorde de volume financeiro, R$ 18,4 bilhões

Por Agência Estado e Reuters
Atualização:

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu mais de 3% nesta quarta-feira e fechou no menor nível desde abril, em meio a contínuas preocupações do mercado sobre aperto do crédito no mundo. O movimento foi potencializado pelo vencimento do Ibovespa futuro, que fez a bolsa registrar novo recorde de volume financeiro, R$ 18,4 bilhões. A moeda norte-americana subiu 2,27% e fechou a R$ 2,031. O dólar vinha sendo cotado abaixo de R$ 2,00 desde 15 de maio, quando rompeu o piso informal pela primeira vez.   Veja também: Os efeitos da crise do setor imobiliário dos EUA Ouça as recomendações de Celso Ming  Dólar sobe 2,27% e supera R$ 2 pela 1ª vez em 3 meses Para Mantega, crise é acomodação de mercados  Lula diz que turbulência nos mercados não prejudica o País Após dia volátil, bolsa de NY fecha em baixa "É o problema lá de fora. Aqui está pior hoje por causa do (vencimento do) índice. Foi a partir das 14h que começou a cair mais forte", explicou Carlos Alberto Ribeiro, diretor da Novação Distribuidora. "O mercado está na defesa e lá fora virou, ajudando os vendidos." O Ibovespa - que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bovespa - recuou 3,19%, para 49.285 pontos, menor nível desde os 48.956 pontos de 30 de abril. Em cinco dias consecutivos de queda, a Bolsa acumula baixa de 10,8%. A blue chip Companhia Vale do Rio Doce foi a mais negociada do pregão e despencou 5,2%. Embraer, que divulgou queda do lucro na noite da véspera, exibiu baixa de 8,6%. Em Nova York, o Dow Jones caiu 1,29%. O índice de principais ADRs (títulos de empresas brasileiras negociadas no exterior) perdeu 6,1%, enquanto o risco Brasil avançou 5 pontos e encerrou a 202 pontos-básicos. "Não dá mais para afirmar que a crise está circunscrita ao mercado subprime (crédito imobiliário de alto risco), dado que a aversão ao risco global está sendo duramente afetada, arrastando a desconfiança também para o mercado de crédito em geral", afirmou a Modal Asset Management em relatório. "Enfim, parece que estamos apenas no começo de um processo de reprecificação mundial originada no aumento generalizado de aversão a risco.... Apesar de não acreditarmos em derrocada geral, o mercado deve piorar antes de melhorar", completou a Modal. No acumulado do ano, a Bolsa tem alta de 10,8%. Há cerca de um mês, o ganho em 2007 superava 30%.   Panos quentes Mais uma vez, o governo fez declarações para tentar acalmar os investidores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a turbulência externa não vai causar problemas ao Brasil. "O dólar é flutuante e o que é importante é que a economia brasileira vive um momento de tranqüilidade enorme", disse.   O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a crise no mercado financeiro internacional - apesar de hoje ter sido mais um dia de agitação - representa uma acomodação de mercados, que pode durar dias ou semanas. Mantega destacou, porém, que a diferença em relação a turbulências anteriores é que boa parte dos países emergentes está mais sólida. Este, destacou, é o caso do Brasil. "A prova disso é que ninguém foi pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI)."   Entenda a crise   O mercado imobiliário americano tem um segmento que oferece crédito a pessoas sem renda comprovada e que têm um histórico de inadimplência. É o chamado mercado subprime. No ano passado, nos EUA, com o fim da bolha dos imóveis, os preços destes ativos caíram e houve uma desaceleração da oferta de crédito e de imóveis. Além disso, os juros chegaram ao patamar máximo, elevando o valor das prestações. O resultado disso foi a inadimplência.   Estas empresas que ofereciam crédito no mercado subprime empacotavam estes financiamentos e vendiam a outros investidores. Assim, elas recebiam de volta o valor emprestado e os investidores ficariam com o valor da prestação das hipotecas mais os juros. Contudo, o calote das pessoas que tomaram crédito provocou perdas para estes investidores.   Para compensar estas perdas, eles saíram de mercados mais arriscados (ações) e migraram para ativos de risco menor (títulos do governo americano). Além disso, a aversão ao risco aumenta com as incertezas sobre a extensão desta crise - quanto em crédito imobiliário está na mão de investidores, e quem são estes investidores. O resultado aqui é a queda das ações de empresas.   Não há previsões sobre isso. A única coisa que se sabe é que a aversão ao risco deve continuar.      

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