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Em 8 meses, saldo comercial bate 2016

Exportações subiram 18,1%, puxadas pelos preços de commodities, e as importações tiveram alta de 7,3%; no ano, superávit vai a US$ 48 bi

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O saldo comercial brasileiro ultrapassou, nos oito primeiros meses de 2017, o valor alcançado em todo o ano de 2016 e durante os anos anteriores. De janeiro a agosto, as vendas ao exterior superaram as compras em US$ 48,1 bilhões, acima do resultado recorde de R$ 47,7 bilhões registrado em todo o ano passado. Somente em agosto, o resultado foi positivo em R$ 5,6 bilhões.

Houve crescimento disseminado nas exportações no ano por produto – com aumento nas vendas de básicos (25,8%), semimanufaturados (14,2%) e manufaturado (10,4%). Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 1/6/2011

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Diferentemente de 2016, quando o montante foi alcançado principalmente por conta de queda nas importações, o saldo deste ano ocorre apesar do crescimento das compras de 7,3% no ano. Já as exportações subiram ainda mais, 18,1%, impulsionadas pela melhora no preço de commodities, como minério de ferro, e pela safra recorde de produtos agrícolas.

Em agosto, a alta nas vendas foi de 14,7% e, nas compras, 8%. “O resultado do mês de agosto reforça a trajetória muito consistente da balança comercial e uma recuperação nas exportações como um todo”, disse o secretário de Comércio Exterior, Abrão Neto. Apesar dos bons números, o governo manteve a estimativa de saldo para este ano em US$ 60 bilhões.

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Houve crescimento disseminado nas exportações no ano por produto – com aumento nas vendas de básicos (25,8%), semimanufaturados (14,2%) e manufaturado (10,4%) – e para vários destinos, principalmente China, EUA e Argentina. Em agosto, também houve crescimento nas três categorias na comparação com o mesmo mês de 2016. Os básicos cresceram 24,2%, manufaturados 9,7% e semimanufaturados 3,4%.

Importações. Pelo lado das importações, em agosto foi registrado o primeiro crescimento nas compras de bens de capital desde junho de 2016, uma alta de 6,6%. Para o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações da Secex, Herlon Brandão, ainda é prematuro dizer que isso demonstra a recuperação da atividade econômica: “Temos de esperar alguns meses para confirmar, mas é uma boa notícia.”

Brandão destacou o crescimento da balança de petróleo e derivados, que, de janeiro a agosto, registrou superávit de US$ 4 bilhões, resultado de um crescimento na produção de 10,4% e melhora nos preços. Será o segundo ano na história que a venda de petróleo e derivados ultrapassa a compra. Ele também destacou os aumentos nas vendas de carne in natura (8,6% no ano).

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Recorde. Para o economista da Tendências Silvio Campos Neto, embora os efeitos positivos da supersafra de grãos estejam perto do fim – o que ajuda a entender a queda de 5,3% dos embarques brasileiros na comparação com julho –, a produção recorde de soja permitiu um aumento superior a 40% das exportações desse produto frente a agosto de 2016, enquanto os preços do minério de ferro voltaram “surpreendentemente” a subir.

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O economista observa ainda que as exportações de carne bovina, com alta de 48,6% em relação a agosto do ano passado, seguem em recuperação após a Operação Carne Fraca, a ação deflagrada em março pela Polícia Federal que investigou o suborno de fiscais sanitários por grandes frigoríficos do País. “A balança comercial confirmou o panorama em que, a despeito da sazonalidade menos favorável, as exportações seguem fortes, com crescimento de dois dígitos”, comenta.

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Já a alta das importações de bens de capital em agosto é, para Campos Neto, um sinal positivo da reação dos investimentos, ainda que o PIB do segundo trimestre, divulgado ontem, não tenha trazido sinais de recuperação dos investimentos. “É um sinal de que, mesmo de forma lenta, as coisas estão voltando a caminhar. Como ainda vivemos um período de muita incerteza, é normal que a reação seja lenta. Mas o aumento das importações de bens de capital é um bom sinal.”

Já a economista especializada em setor externo Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destacou que a importação de bens de capital avança a ritmo mais lento que a de outros itens, como insumos para o agronegócio, o que é preocupante. / COLABORARAM EDUARDO LAGUNA e ANDRÉ ÍTALO ROCHA

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