A despeito da pequena alta em setembro, a produção industrial voltou a cair no terceiro trimestre, mostrando o quão complicada ainda é a situação do setor. Na série com ajuste sazonal, os resultados dos três trimestres do ano foram de -0,2%, +0,7% e -1,1%, respectivamente. Assim, no melhor dos casos, o que vem ocorrendo em 2016 é um arrefecimento da crise em relação a 2015.
Por hora, continuam ausentes fatores dinamizadores da economia brasileira que possam dar sustentação à recuperação industrial. Mesmo a taxa de câmbio mais competitiva, que vinha estimulando as exportações e alguma substituição de importações, já não é mais a mesma daquela do início do ano. Entre janeiro e outubro, a valorização do real já supera 20%, em termos nominais.
Com isso, fica mais difícil as empresas contornarem, mesmo que muito parcialmente, o quadro recessivo doméstico. Neste âmbito, o círculo vicioso continua em operação, com o desemprego em elevação e o rendimento real das famílias em queda, comprometendo o desempenho de setores bastante empregadores, como o comércio e os serviços, além da própria indústria.
Nesse cenário, torna-se ainda mais urgente a redução rápida dos juros. O corte de 0,25 ponto porcentual da Selic no final de outubro foi positivo. Mas um maior ímpeto na redução dos juros daria, neste momento, uma contribuição importante à atividade econômica.
*Economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI)