PUBLICIDADE

Publicidade

Em carta a senadores, Temer garante veto a polêmicas da reforma trabalhista

Documento foi lido durante a sessão da CCJ que aprovou o texto da proposta por 16 votos a 9

Por Fernando Nakagawa Thiago Faria
Atualização:

BRASÍLIA - Em mais um esforço do governo para tentar garantir apoio à reforma trabalhista, senadores receberam uma carta assinada pelo presidente Michel Temer em que ele reafirma o compromisso ajustar a reforma. Se o projeto for aprovado pelos senadores, o governo promete ajuste imediato ao texto via vetos e medida provisória. São oito pontos polêmicos que mais receberam críticas no Senado.

PUBLICIDADE

Temer deu carta branca para que Jucá negocie com os senadores um acordo para tentar reduzir a resistência à reforma trabalhista. Nesse acordo, o governo se compromete a adotar rapidamente as sugestões dos parlamentares. Para isso, a moeda de troca é a aprovação do texto que veio da Câmara sem mudanças - para evitar atrasos na tramitação. "No dia da sanção, será imediatamente publicada uma medida provisória que vai ajustar", disse Jucá.

++ CCJ aprova reforma trabalhista por 16 votos a 9

Ao apresentar a proposta, Jucá citou que o acordo "é o compromisso do governo, respaldado por uma carta do presidente aos Senadores". O texto do documento de três páginas, porém, não faz nenhuma menção ao compromisso do Palácio do Planalto. Jucá rejeita a percepção de que não há respaldo do governo. "A carta de Michel Temer diz que qualquer acordo que eu fizer aqui (no Senado), ele banca. Se houver acordo e eu assinar, vale para o governo", completou o líder do governo.

O senador Romero Jucá leu a carta durante a sessão Foto: Dida Sampaio/Estadão

Entre os pontos desse acordo, o senador diz que o contrato de trabalho intermitente terá quarentena de 18 meses para eventual migração dentro da empresa de um trabalhador que atualmente é contratado sem prazo determinado. Além disso, o governo promete acabar com a multa de 50% aplicada em caso de falta do trabalhador. Ainda sobre esse novo contrato, o governo diz que é preciso adotar critérios mais claros sobre a Previdência Social e mecanismos de salvaguarda para o caso de não comparecimento do trabalhador.

Sobre a jornada de 12 horas de trabalho com 36 horas de descanso, será alterado o texto e o governo promete que esse tipo de contrato só será possível por acordo coletivo. Outro item trata da comissão de representantes dos empregos. Segundo Jucá, a comissão não substituirá os sindicatos e haverá participação sindical obrigatória na negociação coletiva. "Inclusive em questões jurídicas e administrativas", disse o líder do governo.

Outro item do acordo é o que prevê trabalho insalubre para gestantes e lactantes. "Será restabelecida a vedação do trabalho em local insalubre", disse Jucá. O líder do governo disse que o trabalho, nesses casos, será possível "de forma excepcional, somente mediante apresentação de atestado médico por médico do trabalho". Ainda sobre a insalubridade, o acordo também prevê que o enquadramento sobre o grau de insalubridade só será possível por acordo coletivo.

Publicidade

O governo também promete mudar trecho da reforma que estabelecia parâmetro para indenizações pagas aos trabalhadores. Pelo texto original, o chamado "dano extrapatrimonial" seria reparado conforme o salário do empregado. Assim, caso um diretor da empresa e um faxineiro se envolvessem no mesmo acidente, a indenização dos dois seria muito diferente porque teria como base o salário de cada um. Agora, o governo promete tirar a referência ao salário para o cálculo da indenização.

Outro item prometido pelo governo é que o contrato autônomo não poderá ter nenhum tipo de cláusula de exclusividade. "Sob pena de configuração de vínculo empregatício, será vedado", disse Jucá. 

Além dos pontos citados, o líder do governo diz que haverá recomendação de redução gradual da contribuição sindical. "Não há, mas é um princípio", disse.

"Esse é o compromisso do governo e acho que atinge 90% da preocupação que os senadores relatara aqui", disse Jucá em sessão da CCJ, que até a publicação desta reportagem não tinha aprovado o parecer da reforma trabalhista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.