O presidente eleito da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, recebeu nesta quinta-feira, 9, das mãos do atual mandatário, Paulo Skaf, o cargo de comandante a entidade, vista como a mais importante e rica do Brasil.
Paulo Skaf comandou a Fiesp, Sesi e Senai por 17 anos iniciados em 2004. Neste período, a Fiesp encampou várias campanhas junto às autoridades governamentais e também contrárias, como a campanha nacional “Não Vou Pagar o Pato”, iniciada em 3 de setembro de 2015 contra a volta da CPMF.
Apesar de ter recebido o cargo hoje, Gomes da Silva assumirá de fato em 1º de janeiro de 2022. A cerimônia foi de festa, sem discursos setoriais e nem políticos. Ao receber das mãos de Skaf a caneta com a qual o atual presidente disse ter assinados atos importantes, ele disse que manterá na Fiesp os passos e a determinação de Skaf.
O empresário foi eleito para o comando da federação em julho deste ano, em votação de chapa única. Ele obteve 108 votos, contra 4 nulos - um total de 97%. "O Brasil precisa de uma indústria que cresça forte para que o Brasil cresça forte. Receber todos esses votos é uma grande honra”, afirmou Gomes da Silva após o anúncio do resultado.
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), tentou encabeçar uma chapa de oposição, que não vingou.
Conflitos
Como missão, ele terá de recriar uma unidade dentro da federação. Essa divisão ficou mais clara na eleição do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). A chapa encabeçada pelo executivo do setor têxtil Rafael Cervone foi eleita com 1.147 votos, ante 680 da chapa de Ricardo Roriz, que entrou na disputa após deixar a eleição pela presidência da Fiesp.
O perfil de Gomes da Silva é bem avaliado por empresários ouvidos pelo Estadão, que o veem como alguém apaziguador, capaz de agradar a diferentes alas dentro da federação. Presidente da Coteminas desde 1994, Josué é um empresário respeitado, além de ser visto como uma pessoa que consegue criar consenso. Antes da Fiesp, ele já comandou a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, da qual ainda é presidente emérito, e também o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O empresário também liderou o Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos. O atual copresidente do grupo, Marco Stefanini – que é o CEO da empresa de tecnologia Stefanini –, acredita que Josué tem o perfil necessário para dar uma atualizada na Fiesp. “É um empresário de sucesso, com vivência internacional que muitos empresários não têm e possui habilidade política em sentido mais agregador. Ele sabe ouvir”, afirma.
O empresário é visto ainda por alguns representantes do setor como uma possível “ponte” para aproximação da entidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O lado político sempre vai estar presente, mas sempre esperamos que esse trabalho seja feito sem prejudicar as decisões e discussões relacionadas à indústria”, afirma um presidente de associação.