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Em CPI esvaziada, ex-diretor da Petrobras isenta Dilma sobre compra de refinaria

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró isentou nesta quinta-feira a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade na compra de refinaria nos Estados Unidos, envolta em críticas por conta dos valores desembolsados pela estatal na operação. Questionado se julgava Dilma "responsável" pela aquisição durante reunião da CPI da Petrobras no Senado, que contou com apenas três senadores, ele disse que não. "Volto a repetir... as decisões são colegiadas e normalmente são aprovadas por unanimidade", afirmou ele. À época da compra, em 2006, a então ministra Dilma presidia o Conselho de Administração da estatal. A aquisição da refinaria de Pasadena motivou, entre outros fatores, a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que apura denúncias contra a Petrobras. A ausência de parlamentares em uma quinta-feira no Congresso não é absolutamente inusitada, uma vez que partem para seus Estados após as votações usuais das terças e quartas-feiras no Legislativo. E, em tempos pré-eleitorais, a presença em Brasília costuma sofrer baixas. Há ainda a manobra da oposição, que vem boicotando a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, apesar de ter sugerido sua criação e ter pressionado por sua instalação. A composição da comissão tem de respeitar o princípio da proporcionalidade ao número de parlamentares de cada partido na Casa. O governo detém as maiores bancadas, razão pela qual detém dez das treze cadeiras da CPI. Ainda assim, estavam presentes nesta quinta apenas o relator e líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), o presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB), e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Vital informou que o líder do PT, senador Humberto Costa (PT-PE), esteve ausente por conta do falecimento do pai. A oposição também não compareceu ao primeiro depoimento à CPI, do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, na última terça-feira. Na ocasião, Gabrielli também reduziu a responsabilidade de Dilma pela compra. A aquisição da refinaria no Texas ocorreu há alguns anos, mas voltou à tona em março deste ano após a presidente Dilma afirmar, por meio de nota, que o aval para a compra da refinaria foi dado com base em um documento "técnica e juridicamente falho". Segundo a nota, o resumo executivo preparado pela diretoria da área internacional na época "omitia" informações como a cláusula "put option", que levou a Petrobras a pagar valores muito maiores pela refinaria do que os 360 milhões de dólares desembolsados inicialmente por 50 por cento da unidade. Durante seu depoimento nesta quinta, Cerveró disse discordar do termo "omissão" e explicou que a cláusula, assim como outros itens contratuais, não foram incluídos no resumo entregue ao conselho por não serem "preponderantes", apesar de saber de sua existência. "Como diretor... eu tinha obrigação de conhecer o contrato, de conhecer os detalhes", disse. "A gente não coloca no resumo executivo detalhes contratuais, senão deixaria de ser um resumo e seria o próprio contrato.... Não foram colocados porque não tinham, não têm interferência nos critérios, na informação necessária para aprovação do Conselho", disse nesta quinta-feira. Questionado sobre a possibilidade de ter "enganado" a presidente Dilma, Cerveró se disse "plenamente convencido" de que apresentou todas as informações necessárias ao conselho para a tomada de decisão e afirmou que a insinuação é "extremamente injusta". "Evidente que não (enganei Dilma)... Não só a presidente, teria enganado todo o conselho", disse. "É extremamente injusto --eu completei quase 40 anos de Petrobras -- esse tipo de consideração. Para mim é inaceitável." Cerveró defendeu ainda que a aquisição da refinaria nos Estados Unidos obedeceu a plano estratégico da estatal de expansão e internacionalização, devido à situação do mercado brasileiro à época.

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Por Redação
Atualização:

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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