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Em Davos, Barbosa diz que governos devem coordenar a economia

Ministro da Fazenda reconheceu a importância do mercado financeiro, mas ressaltou que muitas vezes é preciso que o governo intervenha para coordenar temas e evitar problemas

Foto do author Fernando Dantas
Por Fernando Nakagawa , Fernando Dantas e enviados especiais
Atualização:
Em Davos, Barbosa participou de painel sobre retomada do crescimento global Foto: Divulgação

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu a importância do papel do mercado financeiro na economia, mas ressaltou que muitas vezes é preciso que o governo intervenha para coordenar temas e evitar problemas. Em um painel do Fórum Econômico Mundial sobre a retomada do crescimento mundial, Barbosa foi um dos debatedores e também defendeu ação de governos emergentes para reduzir a desigualdade na sociedade. 

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"O mercado pode produzir progresso e produtividade, mas também pode produzir desigualdade e volatilidade. Isso requer alguma ação de governo", disse Barbosa. O ministro brasileiro defendeu que os governos não devem ser "atores, mas coordenadores" da economia, especialmente nos países emergentes. Essa coordenação serve, por exemplo, para facilitar o caminho do capital privado para investir na economia. "É ter políticas desenvolvidas para que os mercados possam fazer coisas", resumiu. 

Barbosa disse ainda que, em termos amplos, a principal responsabilidade dos governos é "manter a estabilidade econômica". Esse objetivo, explicou, pode ser atingido de várias maneiras e a população escolhe o modelo através das eleições.   Questionado por um dos presentes sobre os indicadores tradicionais da economia, Barbosa disse que o Produto Interno Bruto "não é a única variável objeto para as políticas econômicas". "Como país emergente, acho que o aumento da renda per capta é importante. Combinados (crescimento da economia e renda per capta) podem reduzir a desigualdade", disse. "Isso requer ação do governo e é isso que temos visto nos últimos anos", disse ao se referir à experiência brasileira. Essa estratégia é positiva em termos econômicos, argumentou o ministro, porque a redução da desigualdade resulta em aumento da classe média, o que aumenta o mercado consumidor. 

O ministro brasileiro citou ainda que o Brasil usou o boom de commodities para "financiar a rede de proteção social", dizendo que os recursos obtidos com o aumento de preço das matérias-primas foram importantes para reduzir a pobreza, a desigualdade, incluir pessoas e até melhorar a produtividade no País. Agora, porém, como fim do boom, o ministro disse que o Brasil vive fase de transição, em que é preciso consolidar as conquista sociais e preparar a economia para um crescimento em novas bases.

Perguntado sobre a queda do PIB prevista para 2016, Barbosa lembrou que o Brasil é um país grande, com economia diversificada, que fabrica de aviões a manufaturas simples. Segundo o ministro, a solução das atuais dificuldades exige mudanças estruturais, mas estas em democracias têm que ser discutidas com a sociedade. 

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