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Em Davos, Lula não descarta reforma da Previdência

Segundo presidente, País terá que conviver com déficit no setor por um tempo até que se "tenha uma melhora na economia brasileira que o faça diminuir"

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descartou nesta sexta-feira, 26, uma reforma na Previdência Social. Mas disse acreditar que déficit previdenciário será gradualmente reduzido no futuro com o País obtendo melhores taxas de crescimento econômico, sendo desnecessárias medidas que segundo ele prejudicariam os interesses dos trabalhadores. "Não descarto uma reforma na Previdência", disse Lula numa entrevista à imprensa após encerrar sua participação no Fórum Econômico Mundial. "Mas quero que a coisa seja feita sem emoção, mas com a razão." Durante uma palestra feita nesta sexta durante o fórum, Lula disse que o déficit anual de cerca de R$ 40 bilhões da Previdência é, na realidade, do Tesouro Nacional. "O que eu quero é conceituar o problema que alguns dizem que é da Previdência", afirmou ao ser questionado sobre o tema por jornalistas. "Se você pegar os números dos trabalhadores que contribuem para a previdência social e dos trabalhadores que recebem benefícios, você percebe que não tem déficit." Segundo o presidente, o déficit apareceu a partir da Constituição de 1988. "Foi quando criamos uma política para estender aos trabalhadores rurais os benefícios, e depois criamos o LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) e depois criamos o Estatuto do Idoso", afirmou. "O que quero apenas conceituar é que o déficit é do Tesouro, não da Previdência. Ele foi uma situação criada na Constituição e o aposentado não pode ficar sendo responsabilizado por isso." Lula salientou que o governo criou um fórum para avaliar nos próximos seis meses a questão da Previdência. "Vamos fazer tudo que for possível para apresentar uma proposta para as futuras gerações, pois você não pode mexer com os direitos adquiridos dos trabalhadores", disse. "Vamos avaliar como introduzir políticas que possam minimizar o déficit que criamos em 1988." E acrescentou: "Portanto vamos ter que conviver com esse déficit por um tempo até que a gente tenha uma melhora na economia brasileira que o faça diminuir." Benefícios cortados O presidente observou que a lei que permite aos trabalhadores rurais receberem os benefícios tem que ser alterada. "É preciso que os trabalhadores rurais passem a contribuir", afirmou. "Essa lei foi prorrogada por dois anos a pedido dos trabalhadores e nesse período o governo poderá aprimorar essa questão." Lula enfatizou que o governo está tomando uma série de medidas para melhorar a gestão da Previdência. "Queremos diminuir todos os gastos, mas é necessário se fazer um debate racional sobre esse tema", disse. "Sempre aparece alguém dizendo que a idade mínima para mulher se aposentar é muito baixa. Mas vai dizer isso às mulheres." Lula disse que o Brasil não tem "uma situação de um país altamente desenvolvido, e precisa ir criando as coisas" com o tempo". Ele disse estar convencido que tudo isso será resolvido na medida que a economia brasileira for crescendo. "E perceberemos daqui a alguns anos que a divida pública não é tão grande, que o déficit na previdência não é tão grande." Matéria ampliada às 17h52

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