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Em decisão unânime, Copom reduz juro para 11,25%

Foi a décima oitava redução consecutiva desde setembro de 2005, quando a taxa passou de 19,75% para 19,50%

Por Gustavo Freire e da Agência Estado
Atualização:

Conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a Selic - a taxa básica de juros da economia - em 0,25 ponto porcentual. Com isso, a taxa passou para 11,25% ao ano, sem viés. Nas últimas duas reuniões, o BC havia reduzido o juro em 0,5 ponto porcentual (em cada uma delas). O corte menor já era esperado devido à pressão de alta sobre os preços.   Veja também: A evolução da taxa Selic  Bancos anunciam redução de juros após corte da Selic    No comunicado divulgado simultaneamente à decisão, "o Copom avaliou a conjuntura macroeconômica e considerou que neste momento o balanço de riscos para trajetória prospectiva da inflação ainda justificaria estímulo monetário adicional. Dessa forma, o Comitê decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 11,25% ao ano, sem viés. O Comitê irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até a sua próxima reunião, para, então, decidir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".   Diferente das últimas três reuniões, a decisão foi unânime. A última vez que houve unanimidade na decisão foi em março deste ano.   Com a decisão de hoje, a instituição retoma o ritmo de queda do juro básico das reuniões de janeiro, março e abril, após cortes de 0,50 ponto porcentual aplicados nos encontros de junho e julho. Foi a décima oitava redução consecutiva desde setembro de 2005, quando a taxa passou de 19,75% para 19,50%, acumulando uma diminuição de 8,5 pontos porcentuais. Somente neste ano, a queda acumulada é de 2 pontos porcentuais, resultado de seis cortes.   A próxima reunião do Copom será nos dias 16 e 17 de outubro. A ata do encontro de hoje será divulgada às 8h30 da próxima quinta-feira, dia 13.   Impacto para consumidor é pequeno   A queda da taxa básica do juro terá repercussão mínima nos planos de crediário do varejo. "A redução é importante para o consumidor do ponto de vista psicológico, porque ele toma decisões em cima de expectativas, mas afetará pouco o valor das prestações no crediário", diz o vice-presidente da Associação Brasileira dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.   Com uma taxa básica de 11,25% ao ano a taxa média de juros de mercado para o consumidor cai para 131,87% ao ano, o que representa uma queda de apenas 0,27% ao mês. "É quase nada", diz Oliveira. "As taxas continuam elevadas. Em algumas financeiras há linhas de empréstimo pessoal que atingem taxas de mais de 1.500% ao ano."   Ele observa que há um descolamento entre a taxa Selic e os juros cobrados do consumidor, que embutem impostos compulsórios, inadimplência, margem do banco e despesas administrativas da operação. "Existe uma variação de mais de 1.000% entre a taxa média de crédito para o consumidor e a Selic", compara Oliveira.   Ele cita a compra de uma geladeira que custa à vista R$ 800. Financiada em 12 vezes com taxa de juro média do comércio de 5,99% ao mês o produto sairá por R$ 1.144,44, dividido em prestações de R$ 95,37. Com a nova Selic, a mesma geladeira custará se parcelada em 12 vezes R$ 1.143,12. Cada prestação com taxa de juro média de 5,97% será de R$ 95,26. Em resumo, a redução da prestação será de R$ 0,11 ou R$ 1,32 no total, ao fim de 12 meses.   Na compra de veículos a redução é um pouco maior. Ao financiar em 60 meses, por exemplo, um carro de R$ 25 mil, o consumidor terá redução de R$ 3,88 na prestação, o que vai representar um total de R$ 232,80.   Cheques   A queda dos juros do cheque especial nos últimos dois anos foi de 6,8%. Em setembro de 2005, quando a Selic começou a cair, ela estava em 148,75% ao ano e chegou a 139,24% em julho, num recuo de 9,5 pontos porcentuais. No mesmo período, a taxa básica da economia teve uma queda proporcionalmente muito maior. Passou de 19,5% para 11,5%, um recuo de 8 pontos porcentuais, o equivalente a 41%.   "Um dos motivos para isso é a falta de garantia no cheque especial. Mas os bancos lucram muito com isso e aproveitam o argumento da falta de garantias para cobrar taxas abusivas", diz o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Segundo ele, o repasse aos juros bancários é bem inferior à queda da taxa Selic.   O executivo explica que os efeitos da redução da taxa básica não são integralmente repassados ao tomador final de recursos. "O crédito no Brasil ainda é muito caro e de curto prazo", afirma o executivo. A consultoria projeta que a taxa poderá cair mais uma vez em 0,25 ponto e chegar a 11% até o fim do ano. Em dezembro, diz Rodrigues, o Banco Central faria uma espécie de parada técnica.   O economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Nicola Tingas, explica que o crédito do cheque especial embute um risco mais alto. Ele cita que nos últimos anos houve maior ingresso das classes de renda C, D e E no consumo e em crediários. Tingas cita que muita gente que não era ‘bancarizada’ está entrando na carteira de crédito, o que significa um risco maior. "Os bancos operam aqui e no mundo de forma muito cautelosa", diz ele.   Os juros médios para o consumidor caíram de 62,1% para 47%, entre setembro de 2005 e julho de 2007, com base nos dados disponíveis no Banco Central. O recuo foi de 15 pontos porcentuais, o equivalente a praticamente um quarto da taxa original, em setembro de 2005. Já na taxa média para empresas a diminuição foi de 33,3% para 23% na mesma base de comparação, ou de 10,3 pontos, o que representa quase um terço da taxa no início do período.  

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