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Em decisão unânime, Copom sobe taxa Selic para 11,75%

De acordo com comunicado, alto de 0,5 ponto reduz "magnitude do ciclo" de alta da taxa

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Por Redação
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Depois de quase três anos, a taxa básica de juros do País, a Selic, volta a subir. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira, 16, elevar a taxa de 11,25% para 11,75% ao ano. O aumento já era esperado pelo mercado financeiro e as apostas dividiam-se entre uma alta de 0,25 e 0,50 ponto porcentual. Prevaleceu a segunda alternativa. Em comunicado divulgado ao final da reunião, foi informado que a decisão dos membros do Comitê foi tomada de forma unânime. Veja também:Professor do IBMEC-SP fala sobre impacto do juro maior para os investimentos  ENQUETE: Com juro maior, você vai reduzir suas compras a prazo?  Compare a taxa básica da economia com os juros cobrados ao consumidor Confira a evolução da Selic desde o início do governo Lula  Veja especial sobre a crise dos alimentos  Com juro mais alto, cotação do dólar deve cair ainda mais   "Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% ao ano, sem viés. O comitê entende que a decisão de realizar, de imediato, parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado", diz o comunicado.  A Selic estava em 11,25% ao ano desde setembro de 2007 e a última vez que o juro básico subiu foi em maio de 2005, quando a Selic passou de 19,50% para 19,75% ao ano. O último período de alta da taxa durou nove reuniões do Comitê - entre setembro de 2004 e maio de 2005. Neste período, o juro subiu 3,75 pontos porcentuais, de 16% para 19,75%. A elevação da taxa Selic começou com 0,25 ponto porcentual e foi seguido por seis altas de 0,5 ponto. O processo foi encerrado com duas reuniões finais em que o juro subiu 0,25 ponto. Inflação A intenção do BC ao elevar o juro é conter o consumo e, desta forma, reduzir a pressão de alta sobre os preços. De fato, o sinal vermelho para a inflação já acendeu. A última pesquisa Focus do Banco Central (BC) divulgada na segunda-feira, 14, mostrou que o mercado financeiro elevou a expectativa para a inflação deste ano. A estimativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - usado como referência para a meta de inflação - termine 2008 em 4,66%. Trata-se de um patamar superior ao centro da meta, que é 4,5%. Para conter a alta dos preços, analistas esperam que o juro continue subindo. Na visão do mercado, os preços têm subido em praticamente todos os segmentos, o que se reflete em vários indicadores. No Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que reajusta os contratos de aluguel, por exemplo, a expectativa de alta passou de 5,81% para 6,02%. Com a inflação acima do centro da meta, as projeções para o nível do juro subiram pela terceira semana seguida na pesquisa Focus desta semana. Agora, o mercado acredita que a taxa deve terminar o ano em 12,75%, contra aposta anterior de 12,50%. Para o fim de 2009, há expectativa de que o BC retorne a taxa para o nível atual, de 11,25%. Juro ao consumidor O aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic será um ingrediente a mais para pressionar os juros cobrados ao consumidor. Desde dezembro, com o agravamento da crise americana, as taxas dos empréstimos e financiamentos inverteram o movimento de queda e começaram a subir nos principais bancos e financeiras do País. No cheque especial, os juros subiram de 138,1% em dezembro para 146% ao ano, em fevereiro, segundo dados do Banco Central (BC). A alta atingiu até mesmo as taxas do financiamento de veículos, que subiram de 28,8% para 31,2% ao ano. No crédito pessoal, avançou de 45,8% para 52,6%. O relatório do Banco Central referente ao mês de março ainda não foi divulgado, mas dados do Procon-SP e da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que as taxas continuaram subindo no mês passado. Juro real A alta na Selic também reforça a liderança do Brasil no ranking de juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses). Segundo cálculos da UPTrend Consultoria Econômica, com o resultado do Copom, a taxa real brasileira atingirá 6,8% ao ano, a maior do mundo. Em segundo lugar aparece a Turquia, com 5,6% ao ano. A Austrália está em terceiro lugar com 4,6% e a Colômbia em quarto, com 3,4%. O México fica com a quinta colocação, com 3,2%. A taxa média mundial ficou em 0,5%.

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