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Em dia de temor com efeito do coronavírus na economia, Petrobrás minimiza problema

Conforme os executivos, a China responde atualmente por 65% das exportações de petróleo da Petrobrás; no fim do ano passado, respondia por 71%

Por e Vinicius Neder
Atualização:

Em mais um dia de queda nas cotações de ações nos mercados financeiros mundo afora, por causa da ameaça da disseminação do coronavírus na China sobre a economia global, a diretoria da Petrobrás procurou minimizar nesta quinta-feira, 20, os efeitos da redução da demanda chinesa sobre os negócios da estatal. Na quarta-feira, a Petrobrás informou que encerrou 2019 com lucro líquido recorde de R$ 40,1 bilhões, mas as incertezas sobre a demanda da China, maior compradora de petróleo do mundo, lançam dúvidas sobre os resultados de 2020 da petroleira.

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O lucro recorde do ano passado refletiu a estratégia da atual diretoria da Petrobrás de focar a empresa na produção de petróleo do pré-sal – que, entre as demais regiões produtores, oferece mais rentabilidade – e acelerar o programa de venda de ativos. Nessa estratégia, a demanda chinesa tem papel crucial, tanto por meio das exportações para o gigante asiático quanto por causa do preço do petróleo, já que o apetite comprador da China é uma das molas propulsoras das cotações internacionais da matéria-prima.

Ao comentar os resultados de 2019, o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, garantiu que a estatal ainda não sentiu efeitos da queda da demanda chinesa por petróleo, mas reconheceu que os resultados deste primeiro trimestre serão impactados negativamente pela queda nas cotações do barril, efeito direto do temor de que o coronavírus paralise a segunda maior economia do mundo.

“Janeiro foi mês recorde de exportação. Em fevereiro, não houve redução significativa (nas exportações)”, disse Castello Branco, em coletiva de imprensa sobre o resultado financeiro de 2019, para reforçar a informação de que a crise do coronavírus ainda não teve efeitos diretos sobre as vendas da Petrobrás.

Segundo a diretora de Refino e Gás Natural da companhia, Anelise Lara, embora a crise do coronavírus já tenha levado a China a reduzir suas importações de petróleo em 3 milhões de barris por dia, quantidade superior à produção da estatal, a diversificação dos mercados internacionais e a boa aceitação do petróleo do pré-sal evitaram efeitos negativos nas exportações da petroleira. Por ter baixo teor de enxofre, o petróleo do pré-sal brasileiro é bem aceito nos mercados internacionais, disse a diretora.

Conforme os executivos, a China responde atualmente por 65% das exportações de petróleo da Petrobrás. No fim do ano passado, respondia por 71%. Lara citou a boa aceitação do petróleo da estatal na Europa e nos Estados Unidos como alternativas à demanda chinesa e informou que há contatos com clientes na Índia.

Ex-diretor da mineradora Vale, que tem na China seu principal mercado, e especialista no país asiático, Castello Branco ponderou que os efeitos do coronavírus tendem a ser temporários e, no longo prazo, a economia chinesa manterá seu papel de grande demandante de matérias-primas.

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“Se espera que esse choque dure um trimestre”, afirmou o presidente da Petrobrás, prevendo a volta à normalidade na economia global no terceiro trimestre, já que, neste trimestre, “a China e a economia mundial sofrerão mais” e o segundo será de “acomodação”.

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobrás Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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