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Em fevereiro, IPCA deve atingir pico de 7,52% no acumulado em 12 meses

Analistas consultados pelo Banco Central que mais acertaram projeções esperam alta de 1,05% para o índice de preços ao consumidor no próximo mês

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro deve atingir o pico de 7,52% no acumulado em 12 meses. Analistas que mais acertaram projeções para o indicador na pesquisa Focus do Banco Central esperam alta de 1,05% no próximo mês. A inflação em janeiro acelerou 1,24% e registrou a maior alta desde fevereiro de 2003, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 6. O prognóstico dos especialistas é de desaceleração gradual nas estimativas anualizadas, até chegar a 6,93%, em junho.

Índice ficou em 2,25% segundo o Banco Central Foto: Estadão

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A partir do segundo semestre, as projeções acumuladas em 12 meses oscilam entre 7,22% (setembro) e 7,43% (novembro). No encerramento do ano, ainda segundo o Top 5, o IPCA vai subir 7,36%. O BC, portanto, não conseguirá, na avaliação dessas casas, entregar a inflação nem mesmo dentro do teto da meta, de 6,5% para este ano. O centro perseguido pelo BC é de 4,5%, mas a taxa já estará acumulada próximo a este patamar em junho (4,26%), ultrapassando a marca no mês seguinte (4,6%), conforme levantamento.

Ao contrário das expectativas para o primeiro bimestre do ano, as previsões para o IPCA de março a dezembro estão todas abaixo de 1%. A maior taxa mensal desse período é aguardada no último mês de 2015 (0,72%). Já a variação mais comportada dos preços este ano deve ocorrer em junho, quando o IPCA subirá 0,22% pelos cálculos do Top 5.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tem dito desde o fim do ano passado que a inflação iria acelerar no início de 2015, mas ao longo dos meses diminuiria por um longo período, fazendo com que o IPCA atingisse o centro da meta no encerramento de 2016. Esse mesmo conteúdo vem sendo divulgado nos documentos oficiais da instituição, como a ata do Copom e o Relatório Trimestral de Inflação. 

Preços administrados. Após a alta de 1,24% em janeiro, a inflação oficial em fevereiro também deve vir pressionada, sobretudo por conta dos reajustes de bens e serviços monitorados e dos aumentos nas mensalidades escolares. O IPCA de fevereiro absorverá impactos de reajustes de energia em São Paulo; e efeitos residuais de aumentos da tarifas de ônibus urbano em Recife, São Paulo e Fortaleza; táxi em Salvador; além de ônibus intermunicipal, trem e metrô em São Paulo. 
Outras pressões previstas sobre a inflação virão do aumento de 14,23% na taxa de embarque de passagens aéreas a partir de 14 de fevereiro; do repasse da elevação de impostos sobre os combustíveis; dos aumentos dos cigarros (de 7,5% a partir de 12 de janeiro); e dos reajustes de mensalidades escolares.
"Os meses de fevereiro são tradicionalmente pressionados, que é quando o IPCA apropria os reajustes das escolas. Os reajustes das escolas não são diluídos ao longo do ano, eles são concentrados em fevereiro. Além disso, tem o aumento de impostos da gasolina", lembrou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
O IPCA de fevereiro deve vir ainda com influência do sistema de bandeiras tarifárias sobre as contas de energia elétrica, já que, assim como janeiro, o mês terá a bandeira vermelha, repassando ao consumidor o gasto maior pelo acionamento de usinas térmicas. "Ainda temos que acompanhar a história da bandeira tarifária que pode sofrer um novo reajuste, mas em fevereiro ela continuará vermelha", afirmou Eulina.
A coordenadora do IBGE acredita que a estiagem contribuiu para que a taxa do IPCA acumulada em 12 meses ficasse acima de 7% pela primeira vez desde 2011. Quanto à manutenção desse patamar em fevereiro, Eulina avalia que depende das condições climáticas. "Durante o ano de 2014, a taxa (em 12 meses) girou em torno de 6,5%, e agora passou para 7%. Daqui por diante, tudo vai depender da continuidade ou não desses fenômenos climáticos que são totalmente imprevisíveis", disse ela. 

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