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Em maratona, Guedes apresenta Brasil e fica extenuado na estreia como ministro em Davos

Ministro da Economia, Paulo Guedes enfrentou maratona de reuniões com investidores e executivos em Davos

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e correspondente
Atualização:

DAVOS - "Hoje eu estou cansado." Foi com esse desabafo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, começou o terceiro e último dia da maratona de reuniões em Davos com executivos de grandes companhias e instituições financeiras, além de representantes de entidades multilaterais, já 15 minutos atrasado para um encontro de meia hora com o presidente da Visa, Ryan McInerney. "Para nós não há problemas, tudo certo. O ministro anda muito ocupado", minimizou o número 1 da gigante de cartões de crédito ao Broadcast quando questionado se, apesar do atraso, a bilateral ainda ocorreria. Ocorreu. Durou cerca de 10 minutos.

Esse ritmo frenético, saindo de uma sala de reuniões para outra e percorrendo os vários corredores do Fórum Econômico Mundial e hotéis da região, foi como Guedes enfrentou os três dias de estreia internacional no novo cargo. Não se trata de uma novidade. Seus antecessores também faziam um périplo semelhante no passado. Desta vez, o ministro teve encontros com vários executivos de peso da economia global e de governo. Foram seus interlocutores nos últimos dias os comandantes do UBS, do BBVA, da IBM, da Siemens, do Uber, só para citar algumas empresas, além de almoços com investidores. Um promovido pelo Banco Itaú, outro pelo governo brasileiro e um terceiro pelo Bank of America Merril Linch.

Paulo Guedes enfrentou um ritmo intenso nas reuniões com lideranças corporativas em Davos. Foto: Alan Santos/PR

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"Guedes está aqui para fazer isso, network. Ao longo dos próximos dias ele terá que ter recolhido como troféu uma grande gama de novos contatos", comentou com a reportagem do Broadcast, logo no início do evento no vilarejo de esqui, um executivo de um banco. Ao longo dos dias, a sua atuação em Davos foi várias vezes pontuada por brasileiros que participam do evento como "o brilho do Brasil" no Fórum, como alguém que "mostrou um novo Brasil", apresentou "ideias claras e objetivas" ou "a principal voz do governo".

Acompanhado o tempo todo pela sua filha Paula, que, segundo ele, foi a responsável pela intensidade das agendas no encontro na Suíça, Guedes evitou fazer grandes declarações à imprensa nesses dias, mas também não se negou a falar em alguns momentos quando era interpelado no "corpo a corpo" pelos jornalistas. Chegou, no entanto, a demonstrar irritação com a forma como alguns veículos retrataram sua participação no Fórum, com a notícia de que deixou de participar de um painel com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Desde cedo estou em reuniões", alegou e, se voltando para a reportagem do Broadcast, disse: "Você tem me acompanhado e tem visto isso. Tenho que fazer escolhas."

Além da filha, era companhia sempre presente do ministro um segurança que o resguardava dos jornalistas quando era acionado, mas mostrou-se ao mesmo tempo simpático com os profissionais de comunicação. Num desses momentos em que dispensou o serviço, revelou que, para atrair investimentos externos, o governo vai reduzir o imposto para as empresas de 34% para 15% - cabendo alguma contrapartida tributária para não afetar as receitas -, que apoia a rápida entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e que os militares deverão fazer parte da reforma da Previdência que entregará ao Congresso no início de fevereiro, ainda que por outro instrumento que não a Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Foi assim que passou seu recado: "Os miliares são patriotas. Gostam dessa ideia de liderar por exemplo ", afirmou. "Já falei tudo o que era preciso", continuou. "Se não for simultâneo, fica estranho."

O ministro também disse que voltará para a Europa "em duas ou três semanas" e já tratou de indicar a personalidade que poderá se moldar como o novo presidente do Brasil: João Doria. Antes de entrar na equipe de Jair Bolsonaro, no entanto, ele era um dos maiores entusiastas a levar Luciano Huck para o Planalto. O apresentador também participou do Fórum, mas não há notícias de que tenham se encontrado.

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