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Em meio a briga societária, presidente da Usiminas é destituído por Conselho

É a 2ª vez, em menos de um ano, que o colegiado da siderúrgica mineira vota pela saída de Rômel de Souza, substituído por Sérgio Leite, vice- presidente comercial da companhia; Nippon e Ternium, sócios controladores, travam disputa desde 2014

Foto do author Fernando Scheller
Foto do author Fernanda Guimarães
Por Monica Scaramuzzo , Fernando Scheller e Fernanda Guimarães
Atualização:

Os conselheiros da Usiminas destituíram ontem o atual presidente da Usiminas, Rômel de Souza. Essa é a segunda vez, em menos de um ano, que o conselho da siderúrgica mineira vota pela saída do executivo. Sérgio Leite, vice-presidente comercial da companhia, retomou o cargo, após a votação do colegiado.

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A Nippon, sócia da Usiminas, deverá contestar na Justiça a decisão, segundo fontes. Souza é o nome de confiança da Nippon, que enfrenta desde setembro de 2014 uma queda de braço com seu sócio ítalo-argentino Ternium/Techint.

A decisão pela saída de Souza já circulava nos últimos dias. A Nippon entrou quarta-feira com um pedido de liminar para tentar derrubar a decisão de ontem, mas teve seu pedido negado, ainda de acordo com as mesmas fontes. Procurada, a Nippon não retornou os pedidos de entrevista.

Em reunião ontem, realizada no prédio da Usiminas em São Paulo, sete representantes do conselho votaram pela destituição do executivo e quatro contra. A favor da saída de Souza votaram os três representantes da Ternium, o representante dos funcionários, o representante do BTG Pactual e os dois conselheiros independentes indicados pela CSN, de Benjamin Steinbruch. Se posicionaram contra os três nomes da Nippon e a representante da Caixa dos Funcionários. A reunião extraordinária teve duração de mais de quatro horas.

Violação. Fontes ouvidas pelo Estado afirmaram que boa parte dos conselheiros teria decidido pelo afastamento do executivo por conta de uma violação de artigo do estatuto da empresa. Souza teria assinado um memorando de entendimento para a compra de minério com a grupo japonês Sumitomo, que é sócio da Mineração Usiminas (Musa). A siderúrgica mineira tem 70% do capital da Musa. “Souza não poderia ter assinado um contrato dessa ordem sem ter consultado o conselho”, disse uma fonte que participou da reunião.

A permanência de Souza na presidência executiva da Usiminas é motivo de discussão desde o ano passado. Em abril, Sérgio Leite, vice-presidente comercial da companhia, foi eleito presidente do grupo em reunião de conselho. No entanto, a Nippon conseguiu em outubro passado tirar Leite do posto e reconduzir Souza ao comando da companhia. À época, a Justiça de Minas Gerais ao decidir pelo retorno de Rômel de Souza à presidência da Usiminas argumentou que havia falta de motivação pela destituição, mas que agora o executivo quebrou seu dever fiduciário.

Procurada, a Ternium não comenta o assunto. Em nota, a Usiminas confirmou que seu conselho de administração, por maioria, aprovou a destituição de Rômel Erwin de Souza dos cargos de diretor-presidente e diretor vice-presidente de tecnologia e qualidade. Em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa também confirmou que o colegiado aprovou, também por maioria dos votos, a eleição de Sergio Leite de Andrade para as posições anteriormente ocupadas por Souza. Leite também continuará como diretor vice-presidente comercial.

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Reestruturação. Em dificuldade financeira por conta de altas dívidas, a Usiminas correu o risco de entrar com pedido de recuperação judicial. Ao longo do ano passado, renegociou o alongamento de suas dívidas com bancos. A companhia também contratou assessoria financeira para vender ativos que não são considerados estratégicos.

Fontes afirmaram ao Estado que as discussões sobre uma possível cisão da Usiminas está descartada. Havia expectativa de que a Nippon ficaria com a unidade de Ipatinga (MG) e a Ternium com a fábrica de Cubatão. A divisão dos negócios era uma das alternativas para se colocar um ponto final na briga entre os sócios. De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, não há sinalização de uma trégua entre os dois grupos.