Parada há quatro anos, a termoelétrica Willian Arjona, localizada em Mato Grosso do Sul, está sendo reativada e será usada para ajudar a amenizar a crise hídrica do Brasil. Comprada em 2019 pela Delta Energia, da franco belga Engie, a térmica tem capacidade para gerar 190 megawatts (MW) - o suficiente para abastecer mais de 50% da cidade de Campo Grande, por exemplo.
Willian Arjona foi inaugurada em 1999 e uma das primeiras a usar o gás natural do gasoduto Brasil-Bolívia. Mas teve problemas na contratação do combustível e, por isso, ficou parada. Para reativar a usina, a Delta Geração fez uma série de investimentos na recuperação do maquinário e na contratação e treinamento de profissionais. Além disso, fez uma peregrinação em órgãos federais e estaduais para acelerar a operação da usina.
O mais importante, no entanto, foi a negociação para contratação do gás natural. O acordo foi fechado com a Petrobrás e envolve o fornecimento de forma intermitente já que a usina só funcionará quando houver necessidade de suporte no sistema. A térmica não é barata.
Cada MWh gerado pela unidade custará R$ 1.520. Mas, diante da situação atual dos reservatórios, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve acionar a usina nos próximos dias. O Brasil vive hoje novo risco de racionamento decorrente da pior crise hidrológica dos últimos 91 anos.
A termoelétrica é o primeiro empreendimento de geração de eletricidade da Delta Energia, empresa criada em 2001 - ano do racionamento - como comercializadora. Hoje detém 8% de participação nesse mercado. Em 2019, junto com a aquisição da usina, surgiu a Delta Geração.
Segundo o presidente da divisão, Luiz Fernando Vianna, a nova área tem o objetivo de expandir os negócios em energia renovável, com empreendimentos de energia eólica e solar. “Neste momento, estamos fazendo prospecção dessas duas fontes renováveis.” Ele destaca que, frente ao aquecimento global, as fontes renováveis são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil.
Além da comercialização e agora da geração, a Delta também atua no mercado de biocombustíveis. A empresa tem duas unidades - em Rio Brilhante (MS) e Cuiabá (MT) - que produzem 1,6 milhão de litros de biodiesel por dia. Outros negócios do grupo envolvem tancagem de etanol e gestão de recursos, com três fundos de investimentos voltados para comercialização de energia.