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Em meio à guerra comercial, mundo tem produção inédita de aço

Produção global atingiu 148 milhões de toneladas em março, 4% acima do mesmo período de 2017

Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

GENEBRA - Em meio ao debate sobre barreiras comerciais nos EUA contra a China, a produção de aço no mundo bate um novo recorde. Dados divulgados nesta quarta-feira pela Associação Internacional do Aço apontou que a produção global atingiu 148 milhões de toneladas em março, 4% acima do mesmo período de 2017. 

A China, que já representa metade da produção mundial, atingiu um volume de 74 milhões de toneladas, 4,5% acima do volume de março de 2017. A alta ocorreu depois que o governo em Pequim retirou restrições que tinham sido impostas durante o inverno. 

Produção americana também deu um salto, principalmente depois das barreiras que o presidente Donald Trump impôs às importações chinesas Foto: Reuters

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O segundo maior produtor passou a ser a Índia, com uma alta de 5,3%.  Já o Japão, na terceira colocação, viu sua produção aumentar em 2,2%. Sozinha, a Ásia passou a produzir mais de 100 milhões de toneladas de aço por mês. 

A produção americana também deu um salto, principalmente depois das barreiras que o presidente Donald Trump impôs às importações chinesas. Em março, a produção foi de 7,3 milhões de toneladas, 5,3% acima dos índices de 2017. Na Europa, porém, a alta foi de apenas 0,5%, para um total de 15 milhões de toneladas. 

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No caso do Brasil, os dados também apontam para uma alta. De acordo com a entidade, a produção nacional foi de 3,1 milhões de toneladas, 7,6% acima do que se registrou em março de 2017. 

Numa indústria avaliada em US$ 900 bilhões, o debate sobre o protecionismo camuflou o que, para muitos, é o real motivo dos problemas enfrentados hoje por alguns dos exportadores: a super-produção de aço, muitas vezes subsidiadas pelo estado. 

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De acordo com a Associação Internacional do Aço, a demanda pelo produto deve aumentar em apenas 1,8% em 2018, enquanto as compras chinesas ficarão estagnadas. A situação, portanto, ameaça aprofundar a crise. 

Enquanto americanos e chineses se enfrentam no cenário internacional, a diplomacia da Europa, Japão e outros tentam convencer Washington e Pequim a se sentar à mesa para debater a questão da produção em excesso. 

Os europeus, por exemplo, alegam que também tem visto uma inundação de seu mercado pelo aço estrangeiro. Mas alertam que as barreiras de Trump não são as respostas. Entre 2013 e 2017, as importações da UE aumentaram em 66%. 

Ainda assim, a Comissão Europeia lançou investigações para apurar se produtos abaixo do preço de mercado tem entrado no Velho Continente, prejudicando a produção local. 

Para a Associação Europeia do Aço, os mecanismos de salvaguarda de Bruxelas devem seria para impedir um surto de importação. Mas não para fechar o mercado. 

Na própria OMC, a Europa ainda pediu para se unir às consultas que serão realizadas entre americanos e chineses por conta da disputa de tarifas. Pequim quer compensações diante das tarifas que passaram a ser aplicadas.

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