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Em meio à pandemia, IPOs já movimentam R$ 25 bi e ano pode ser de recorde

Considerando apenas as aberturas de capital, seis empresas já estrearam nos últimos meses, número superior a todo o ano de 2019; 20 empresas esperam na fila

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Mesmo diante de uma crise que eclodiu com a pandemia de covid-19 derrubando a atividade econômica do País, a Bolsa brasileira já foi palco de R$ 25 bilhões em ofertas de ações. Apenas considerando as aberturas de capital, seis empresas estrearam nos últimos meses, superando o número de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) de todo o ano de 2019. Em volume de emissões, 2020 já passa de R$ 55 bilhões, com potencial de dobrar o valor até o fim do ano.

Entre as estreantes na B3 durante a quarentena estão Estapar, Aura Minerals, Ambipar, Grupo Soma, d1000 e Quero-Quero. No começo do ano haviam entrado na Bolsa Mitre Realty, Moura Dubeux, Locaweb e Priner, compondo assim já dez estreias de empresas na B3 em 2020. No fim deste mês, a rede de farmácias Pague Menos também fará sua tentativa. Em 2007, no último boom do mercado de capitais brasileira, foram mais de 60 IPOs, com um volume financeiro de aproximadamente R$ 70 bilhões.

Locaweb movimentou a B3 com seu IPO antes da pandemia. Foto: B3/Divulgação

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O último recorde de ofertas de ações foi no ano passado, quando a Bolsa brasileira foi palco de R$ 90 bilhões em ofertas de ações. A conta desconsidera os volumes de 2010, visto que o dado foi distorcido por causa da megacapitalização da Petrobrás, de mais de R$ 120 bilhões.

O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, que participou de duas cerimônias de estreias de companhias na Bolsa na última segunda-feira, 10, afirmou que o mercado de capitais brasileiro está passando hoje por um processo de mudança, uma porta aberta com os juros baixos, com a Selic em 2% ao ano, após um novo corte na semana passada.

"No contexto dos juros altos, o Brasil estava deslocado. Os poupadores não abriam mão da aplicação da renda fixa e as empresas não viam o mercado de capitais como uma opção atrativa para captar recursos", disse.

Na fila com pedidos já protocolados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) há mais de 20 empresas, número superior ao momento pré-covid, demonstrando os efeitos no mercado da liquidez sem precedentes promovida pelas medidas dos Bancos Centrais em todo o mundo, além, é claro, dos juros baixos no Brasil. Grande parte dessas ofertas mira o mês de setembro e meados de outubro para a estreia na B3. Se todas saírem do papel, são mais de R$ 20 bilhões para a conta de ofertas do ano.

Dentre essas candidatas há uma concentração bastante significativa de empresas do setor imobiliário, sendo que duas ofertas que estavam na fila morreram na praia: Riva 9, controlada da Direcional, e You Inc. Abas não encontraram demanda suficiente entre os investidores, que se mostraram seletivos em relação ao grande leque de candidatas à abertura de capital.

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Na conta tem mais

Na conta de operações na pandemia, não estão as de aumento de capital privado de Natura, CVC ou ainda do ressegurador IRB Brasil Re. Também fica de fora a venda de ações da Vale detidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma operação de R$ 8,1 bilhões, marcando a maior venda em bloco (o chamado block trade) na história de toda a América Latina.