Publicidade

Em meio ao aperto na renda, setor de saúde lança opções de baixo custo

Formatos como assinatura de saúde, que oferece descontos em consultas – em vez do serviço em si –, crescem no País; especialistas, porém, alertam que cliente deve ficar atento: alternativas têm oferta limitada e não são regulamentadas pela ANS

Por Evandro Almeida Jr. 
Atualização:

Em meio à alta na demanda por serviços de saúde, a escalada nos preços dos planos privados e o aperto na renda em meio à pandemia de covid-19, as empresas do setor têm criado opções de baixo custo para tentar ampliar a cobertura e chegar a quem não tem condições de bancar os valores de um contrato tradicional. Segundo especialistas, o movimento suscita atenção dos consumidores, pois pode envolver produtos com uma oferta limitada de serviços.

Dentro dessa tendência, um dos formatos que vem ganhando força é o serviço de assinatura de saúde. Ele difere dos planos porque não costuma oferecer consultas médicas, mas descontos nesse serviço. 

Sistema Único de Saúde no Brasil Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

PUBLICIDADE

Sócia diretora da área de saúde da KPMG, Sheila Mittelstaedt alerta que esse modelo não é regulamentado pela Agência Nacional de Saúde (ANS). “São serviços sem qualquer regulamentação e que oferecem coisas básicas. Pessoas que carecem de serviços mais especializados não devem buscar uma alternativa nessas assinaturas. Elas são para atendimentos simples e a previsão é de que cresçam rápido no Brasil”, ressalta.

Segundo a sócia da KPMG, a perda de renda fez muitas pessoas desistirem do plano de saúde, despertando a atenção das empresas do setor. “No fim, a carga volta para o setor público. É um ‘me engana que eu gosto’”, afirma.

A redução no número de usuários de planos de saúde se concentrou no auge da pandemia. De março a junho do ano passado, foram quase 400 mil pessoas. A tendência se reverteu no segundo semestre, e o Brasil fechou com um incremento de 1,2% no ano, com pouco mais de 47,5 milhões de beneficiários.

Opção ao SUS

O Grupo Alliar, empresa de diagnóstico de imagens, lançou seu marketplace de assinatura em março de 2020, com preços a partir de R$ 19,90. Chamado de cartão Aliança, o serviço inclui descontos em farmácias e consultas médicas, além de opções de odontologia e oftalmologia. A plataforma já tem 120 mil usuários cadastrados, entre titulares e dependentes.

Publicidade

O grupo lançou um seguro adicional, que contempla serviços como dia de internação hospitalar, morte acidental e assistência funerária. O produto pode ser adquirido a partir de R$ 5,90 mensais, adicionais ao custo da assinatura do cartão Aliança Saúde. 

De acordo com Sami Foguel, presidente da Alliar, a empresa não pretende concorrer com planos de saúde. “Nosso produto é totalmente diferente. Queremos dar um suporte para o público que busca alternativas aos serviços de medicina privada e de qualidade com preço justo e que antes iria ficar esperando no SUS.”

O Grupo Fleury também decidiu apostar na modalidade. Lançou no início deste mês o Saúde iD, marketplace de serviços de saúde, com preços que variam de R$ 29,90 e R$ 59,90. 

Diferentemente da Alliar, o cliente ganha direito a uma consulta mensal, que pode ser online ou presencial, além de acesso a exames e descontos para serviços mais específicos. O programa atenderá 5 mil usuários do aplicativo Saúde iD na cidade de São Paulo nessa primeira fase de lançamento.

PUBLICIDADE

Aprimoramento

Segundo Eduardo Oliveira, presidente da Saúde iD, o objetivo inicial é entender como vai funcionar o serviço, para depois aprimorá-lo. Um dos motivos que tornam o plano mais em conta é o acompanhamento do histórico de atendimentos no próprio grupo, num modelo que funciona com base na ideia do médico de família. “É criado um plano de cuidado e consulta, o que permite um acompanhamento com qualidade e planejamento terapêutico.”

Assim como Foguel, Oliveira também reforça a diferença em relação ao modelo tradicional. “Não somos planos de saúde e não nos interessa ser. Queremos ajudar ali na ponta da melhor forma para prevenir doenças crônicas no futuro.”

Publicidade

Mais baratos

O avanço de opções mais baratas que permitam ampliar a cobertura também se dá com apostas à moda tradicional. Uma delas é a de planos individuais, que são regulados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e têm seus reajustes definidos pelo órgão regulador, diferentemente dos planos comunitários, hoje mais comuns no mercado.

Segundo o vice-presidente executivo da QSaúde, Anderson do Nascimento, esse é um fator primordial para que os planos individuais possam ganhar força, inclusive diminuindo os preços de seus planos, fazendo parcerias com clínicas especializadas. O QSaúde foi lançado em outubro do ano passado.

“O reajuste menor do que de planos nos dá vantagem em atrair novos clientes. Outro fator é que damos acesso a hospitais de renome e de desejo da população e acompanhamento constante com um médico de família que segue toda a jornada de nosso cliente.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.