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Em NY, Moreira Franco fala em privatizar Correios

Ministro comparou empresa com Casa da Moeda, mas diz que processo exige cuidado; funcionários estão em greve em 28 dos 31 sindicatos filiados

Por Ricardo Leopoldo
Atualização:

NOVA YORK - De Nova York, para onde viajou integrando a comitiva de Michel Temer, o ministro Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência, afirmou nesta quarta-feira, 20, que a privatização dos Correios está em estudo e precisa ser feita com muito cuidado.

"A situação financeira, pelas informações que o (Ministério do) Planejamento tem e nos passa, é muito difícil", disse o ministro. "Até porque do ponto de vista tecnológico, há quanto tempo você não manda telegrama, as pessoas perderam muito o hábito do uso da carta", afirmou.

Funcionários cruzaram os braços na capital, Grande SP e Sorocaba nesta quarta-feira; paralisação em outros 22 Estados começou há 8 dias Foto: Marcello Casal Jr./ABr

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Segundo o ministro, a tendência é dos Correios passarem a atuar no setor de logística. "Mas isso ainda está em fase de estudo. É o mesmo caso da Casa da Moeda, que produzia mais de 3 milhões de cédulas por ano e agora está (produzindo) 1 milhão e pouco. As pessoas não usam mais moeda", destacou o ministro.

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Para Moreira Franco, várias atividades dessas duas instituições perderam a condição de continuar com o avanço tecnológico. 

"Não é uma decisão política, mas de natureza econômica", disse. "Não dá para querer que a sociedade mantenha empresas que não têm condições de sobreviver. Não pode agredir os fatos." 

Ele fez os comentários após participar do seminário "Brazil, the road ahead", promovido pelo jornal inglês Financial Times, em Nova York.

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Greve. As declarações de Moreira Franco acontecem um dia depois dos funcionários dos Correios entrarem em greve. Dos 31 sindicatos filiados à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), apenas três ainda não fizeram assembleias: Acre, Rondônia e Roraima.

Dos afiliados, já aderiram ao movimento Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e Santos), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais (Juiz de Fora e Uberaba), Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul (Santa Maria), Sergipe e Santa Catarina. 

Representados por outra federação, os funcionários da capital paulista e da região de Bauru (SP) ainda devem fazer assembleia próprias na próxima semana, para definir se também irão entrar em greve.

A categoria tenta negociar um reajuste salarial de 8%. Segundo a Fentect, após mais de 40 dias desde a apresentação para a proposta, a empresa apenas tentou excluir cláusulas para o acordo coletivo de trabalho. 

Os funcionários também reclamam do fechamento de agências, o que dificulta os serviços postais e bancários, ameaças de demissão, corte em investimentos, suspensão de férias, entre outras questões. 

A entidade também demanda novos concursos para a reposição de funcionários que se aposentaram. A última seleção para empresa ocorreu em 2011.

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