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Em Paraisópolis, devedores limpam o nome

Na zona sul de São Paulo, mutirão deve receber entre 6 mil e 8 mil devedores até hoje

Por LUIZ GUILHERME GERBELLI
Atualização:

A auxiliar de serviço geral Priscila de Oliveira carregou com a mudança de Santos para Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, no ano passado, uma dívida de R$ 400 com as Casas Bahia. Há três anos, ela comprou um fogão de seis bocas por cerca de R$ 500, mas não conseguiu quitá-lo.

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Ontem, Priscila quis encerrar a dívida. Ela renegociou os R$ 400 com a loja no mutirão promovido pela Boa Vista Serviços - administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) - em Paraisópolis. "Já tentei negociar outras vezes, mas não deu certo", disse ela, que foi acompanhada do tapeceiro Everton Pereira da Silva. A dívida dele era bem menor, de cerca de R$ 20 com a Eletropaulo.

Desde 2010, a Boa Vista promove a campanha O Brasil acerta as suas contas, cujo objetivo é facilitar a renegociação entre devedores e empresa. Somente em Paraisópolis, a expectativa da Boa Vista é que o público fique entre 6 mil e 8 mil devedores. A campanha vai até hoje na região.

"Paraisópolis tem um perfil muito parecido com o que a gente tem no Brasil como um todo", disse o presidente da Boa Vista Serviços, Dorival Dourado.

Além de Paraisópolis, outros 14 locais no País deverão receber o mutirão de renegociação até o fim deste ano. Na lista, estão Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, entre outros.

De acordo com o último indicador da Boa Vista Serviços, em agosto, a quantidade de novos registros de inadimplentes teve queda de 0,2%. Já em 12 meses encerrados em agosto, a alta foi de 10,4% na comparação com os 12 meses de agosto de 2011. O valor médio da dívida das famílias foi de R$ 1.256 em agosto, 1,9% superior ao verificado no mesmo mês do ano passado, já com o ajuste da inflação.

Entre as empresas que se dispuseram a renegociar, estão, além das Casas Bahia e da Eletropaulo, o Bradesco e o Ibi. "A importância desse movimento é que nós trabalhamos com um benefício cruzado para todos os setores da economia", afirmou Dourado. "O primeiro grande beneficiado é o consumidor, que tem a sua situação de crédito restabelecida."

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Outro ponto importante, de acordo com o presidente da Boa Vista Serviços, é a orientação sobre finanças pessoais que os devedores recebem durante o evento. "A orientação de finanças pessoais é muito importante para que o devedor faça uma administração mais consciente da sua vida creditícia, já que o crédito é importante ferramenta de mobilidade social", disse Dourado.

Comum. Nos relatos de quem perdeu o controle das finanças, o principal ponto em comum está no descontrole financeiro.

A operadora de caixa de supermercado Patrícia de Jesus Cardoso tem uma dívida com o Bradesco há mais de um ano. O empréstimo foi tomado do banco porque uma amiga estava precisando do dinheiro. Ela estima que o valor devido está em cerca de R$ 5 mil. "Comecei a pagar o empréstimo, mas não consegui seguir com isso", afirma ela.

No orçamento da manicure Karine de Souza, o descompasso no orçamento começou com o desbloqueio de um cartão. "Eu desbloqueei o cartão, não utilizei e não percebi a cobrança mínima mensal", diz. "Foi um erro meu." A dívida ela não sabe dizer quanto está, mas estima um valor de cerca de R$ 2 mil. Durante o mutirão, Karine também descobriu uma dívida na Eletropaulo. Ela aceitou emprestar o nome para a irmã na Eletropaulo, mas as contas não estavam sendo pagas.

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