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Em Paris, Amorim pede eliminação total dos subsídios agrícolas

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Por Redação
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Os subsídios que distorcem o comércio de produtos agrícolas devem ser abolidos, apesar de não haver possibilidade de implantação dessa medida na atual rodada de negociações mundiais sobre o livre-comércio, afirmou o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, na quinta-feira. Amorim disse que os subsídios estavam entre os principais fatores responsáveis pela crise mundial de alimentos, que diminuía a confiança das pessoas no mercado. O chanceler está na capital francesa, onde participa de uma reunião com ministros das potências comerciais para tentar manter as chances de sucesso da Rodada de Doha. Até no Brasil, que possui uma vasta e eficiente produção agrícola, as pessoas começam a dizer que o país deveria apenas tentar atingir a auto-suficiência, afirmou o ministro em uma entrevista coletiva. "Mesmo se não fizermos isso nesta rodada ... deve haver um compromisso político para a total eliminação de subsídios que distorcem o comércio", avaliou Amorim. Os subsídios em países ricos, como os EUA e a União Européia, protegem os produtores das variações mundiais nos preços, mas também provocam a saída de produtores de países pobres do mercado. Amorim citou como exemplo o Haiti, onde o Brasil coordena tropas da força de paz da Organização das Nações Unidas. O país caribenho possuía uma grande safra de arroz 20 anos atrás, mas a proteção ao produtor desapareceu por conta de administrações ruins e de importações de arroz subsidiado. Atualmente, os preços estão elevados e a escassez do cereal provocou revolta na população haitiana. "Em vez de arroz, tivemos protestos no Haiti -- protestos que derrubaram o primeiro-ministro", acrescentou. Grandes cortes nos subsídios foram propostos durante as negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), apesar de aguardarem uma decisão dos países ricos e pobres sobre a extensão das reduções. Segundo Amorim, o recente aumento nos preços dos alimentos -- que torna mais caro para os governos o auxílio ao produtor -- diminuiu as contrapartidas dos países ricos na Rodada diante das ofertas de abertura dos países em desenvolvimento. "Com os preços altos das commodities agrícolas e a tendência de continuidade desta alta, as ofertas de ambos os lados relacionadas aos produtos sensíveis são menos atraentes do que poderiam ser dois anos atrás", avaliou. "Ainda estamos preparados para finalizar (as negociações), mas temos de ser realistas sobre o preço que cobraremos por isso." Anteriormente, o comissário da UE para o Comércio, Peter Mandelson, criticou os países que focalizavam as discussões sobre o livre-comércio na agricultura e diminuíam a importância de outros setores importantes, como o de bens industriais. Amorim, no entanto, afirmou que era na área agrícola que residiam as principais distorções.

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