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Em projeto inédito, empresa quer gerar energia solar ao lado de suas usinas térmicas a diesel

Empresa do Amazonas pede autorização da Aneel para instalar painéis solares em suas usinas; além da produção mais limpa, empresa diz que custo da energia é menor

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - A necessidade de reduzir custos com combustível e cortar emissões tem levado empresas do setor elétrico a buscar mudanças para suas usinas térmicas, alimentadas a óleo diesel, em um movimento inédito no segmento. O Estadão apurou que, no Amazonas, a Oliveira Energia, dona de 42 usinas térmicas, pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para instalar painéis solares em suas plantas. 

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A ideia é ter uma “usina híbrida”, que entregue a mesma quantidade de energia prometida pela empresa, mas com parte da produção vinda do sol. A Aneel informou que avalia o pedido. 

O óleo diesel é uma das fontes mais caras de todo o setor elétrico, além de ser extremamente poluente. Ao adicionar os painéis solares, a empresa pode reduzir o volume de combustível que é cobrado na conta de luz dos consumidores por meio de um encargo.

Estimativa

Ao estimar a redução de custos de apenas uma de suas usinas – no caso, a planta da cidade de Maués –, a empresa concluiu que, em 48 meses, haveria uma redução de R$ 52,6 milhões em cobranças desses encargos. Segundo a companhia, seria preciso instalar 150 painéis solares na unidade.

Usina térmica da Oliveira Energia em Maués (AM); regras para geração híbrida são analisadas pela Aneel Foto: Oliveira Energia/ Divulgação

“Mesmo que, futuramente, a gente admita o uso de combustíveis fósseis para geração de energia elétrica, dada a geografia do nosso Estado, com características bastante isoladas, sem ventos para uso de fontes eólica, e hidráulica, pelo fato de o Amazonas em quase todo seu território ter a geografia plana (o que dificulta usar a força dos rios para produzir eletricidade), a alternativa que nos resta é a energia solar”, afirma Heitor Gomes Cândido, diretor técnico interino da Oliveira Energia. 

Alternativa ‘híbrida’ já é realidade em hidrelétricas e parques eólicos

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A instalação de painéis solares em usinas existentes pode ser uma novidade em unidades de geração térmica movidas a gás e combustível, mas já é uma alternativa que começa a ganhar espaço em operações de algumas hidrelétricas e parques eólicos.

Segundo a Aneel, atualmente há uma usina híbrida funcionando como projeto-piloto e em operação comercial. O teste com a instalação de painéis solares acontece no complexo eólico Ventos de São Vicente, que soma 68 megawatts (MW) de potência. 

O modelo é visto como algo promissor e que deve se espalhar por outros parques eólicos, porque os ventos fortes da região Nordeste do País costumam ocorrer durante o período da noite. Durante o dia, quando perdem força, entra em cena a captação da luz solar para compensar.

Experiências

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Paralelamente, há várias outras usinas híbridas instaladas em fase de pesquisa e desenvolvimento. Painéis solares já foram instalados nos reservatórios de hidrelétricas de grande porte, como a usina de Sobradinho, na Bahia, que tem o lago de maior superfície do País.O mesmo foi feito sobre as águas de Porto Primavera (SP), Aimorés (MG), Itumbiara (MG) e Santa Marta (MG). No Ceará, o parque eólico Santo Inácio também deu início ao projeto com painéis solares e faz pesquisas com o recurso extra desde 2017.

A Aneel informou que, para usinas conectadas ao Sistema Interligado Nacional, a rede de transmissão de energia que conecta os Estados, as regras para operação como “usina híbrida” estão em fase de regulamentação, após uma proposta apresentada no ano passado e que passa por consulta pública.

Já para as usinas que operam em sistema isolado, ou seja, sem conexão com a rede nacional e localizadas em regiões afastadas de centros urbanos (como é comum em toda a Amazônia), essa previsão de operação híbrida foi incluída nos editais de concessão para que essas unidades possam adicionar outra fonte de geração limpa. “Recentemente, o tema passou por consulta pública na Aneel para consolidar os critérios dessa adição de fonte renovável em usinas a diesel nos sistemas isolados”, informou a agência reguladora.

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Um dos questionamentos que ainda precisam ser respondidos no caso das térmicas diz respeito ao prazo de concessão de usinas que decidam investir nos painéis solares. As empresas pedem a ampliação do tempo, como forma de amortizar o investimento adicional que teriam de fazer para colocar o projeto solar em funcionamento.

Em razão do baixo nível dos principais reservatórios das hidrelétricas hoje, toda a geração térmica disponível no País está em operação. Na matriz elétrica nacional, o Brasil tem 60,5% de sua potência ancorada na fonte hidráulica. Outros 16,67% vêm de combustíveis fósseis, o que inclui o carvão mineral, seguidos pela produção das eólicas (10,85%) e biomassa (8,75%). Os demais 3,23% estão divididos entre as plantas solares e nucleares. 

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