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Em São Paulo, a inflação da classe média subiu mais

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Por Redação
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O Índice de Custo de Vida da Classe Média Paulistana (ICVM), interrompido nos anos 90, volta a ser calculado pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) e mostra com nitidez a pressão sobre o poder aquisitivo das famílias paulistanas. Despesas pessoais, saúde e habitação puxaram para cima o ICVM, que mede a inflação das classes média e média alta, inclusive profissionais liberais. O ICVM subiu 0,27%, em abril, no Município de São Paulo, superando o IPC-Fipe, de 0,10%. O índice registra a ameaça inflacionária sobre 1/5 da população, enquadrada pelo ICVM, que percebe, mensalmente, rendimentos entre 10 e 39 salários mínimos (R$ 6.780,00 a R$ 26.442,00). Revela, ainda, segundo o economista responsável pelo índice, José Tiacci Kirsten, que a indexação já alcança cerca de 20% dos itens pesquisados. As despesas com saúde aumentaram 0,8% e foram lideradas pela alta dos preços dos planos de saúde (+0,52%), dos remédios (+1,64%) e dos serviços médicos e laboratoriais (+0,91%). Evidencia, portanto, que a política de restrição de preços de planos de saúde e de remédios não evita reajustes superiores à média. O segundo item mais importante no ICVM (despesas pessoais, +0,53%) foi determinado pelos reajustes de recreação e cultura, viagens de turismo, teatro, mensalidade do clube e artigos de beleza. Afinal, no grupo habitação, os maiores pesos vieram da taxa de condomínio (+1,29%) e dos serviços de empregada doméstica (+0,85%).O Brasil dispõe de um amplo e confiável conjunto de indicadores de inflação, como o índice oficial (IPCA) e o INPC, do IBGE; os índices da FGV (IGPs, IGPM e IPCs); da Fipe (IPC); e do Dieese. Índices confiáveis contrastam com o que ocorre na Argentina, em que a preocupação do governo é esconder a inflação corrente e o valor real do dólar.A volta do ICVM - calculado com base em dados da OEB e da Fipe - é um acréscimo, permitindo apurar com exatidão o impacto dos preços numa categoria de pessoas muito atingida pela desaceleração da atividade, com impacto no emprego e na renda, não dispondo da proteção do reajuste real do salário mínimo.A inflação oficial provavelmente ficará acima do teto de 6,5% das metas já neste mês. Continuará, assim, no centro das preocupações das famílias, desestimulando o consumo de bens e serviços e a tomada de empréstimos. Podendo, dessa forma, realimentar um ciclo negativo para o crescimento da economia.

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