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Embarque de commodities cairá mais que normal no 1º tri

Segundo o secretário de Comércio Exterior, exportações terão queda e vão afetar a balança comercial

Por ROBERTO SAMORA
Atualização:

As exportações de commodities do Brasil, que responderam em 2008 por 37 por cento do total exportado pelo país, cairão mais do que o normal no primeiro trimestre de 2009, afetando a balança comercial brasileira, afirmou nesta quinta-feira o secretário de Comércio Exterior do governo brasileiro, Welber Barral. Tradicionalmente, o volume embarcado de commodities agrícolas, especialmente de soja, o principal produto do agronegócio brasileiro, tende a cair no primeiro trimestre, período em que a colheita ainda está se desenvolvendo e o que restou da safra anterior é residual. Mas neste ano, com a crise internacional, outras mercadorias estão sendo afetadas, como as carnes, também por um problema de demanda. "Grande parte das commodities (agrícolas) são mais exportadas a partir de março. Este ano a situação está particularmente ruim. Não por causa de preços... Mas por causa da quantidade. Desde novembro, isso está relacionado à queda de demanda e à disponibilidade de crédito", afirmou Barral, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Somando as commodities (minério de ferro, petróleo bruto, soja em grão, carnes in natura, café verde, entre outros) com semimanufaturados (açúcar bruto, óleo de soja, celulose, etc), também afetados pela crise, a participação desses produtos básicos nas exportações do Brasil atinge cerca de 50 por cento do total, de acordo com dados do governo brasileiro. Segundo a autoridade, com a queda na demanda externa neste início de ano e a falta de crédito em setembro e outubro, que está se refletindo nos embarques atualmente, a redução no volume exportado de commodities deve cair de 10 a 30 por cento nos primeiros meses do ano. Em entrevista a jornalistas na Câmara Americana de Comércio, ele disse que as exportações de bens industrializados também estão sofrendo no início deste ano, "também com queda na demanda" e "por um excesso de estoques nos mercados compradores" --muitos importadores, em vez de comprar, estão queimando os estoques. "Não dá para prever a queda no primeiro trimestre", ressaltou Barral, que não quis comentar se o Brasil terá déficit comercial em janeiro --no acumulado até a terceira semana do mês o saldo do país é negativo em 390 milhões de dólares. Por outro lado, o secretário lembrou que os preços das commodities, de uma maneira geral, não foram muito afetados pela crise, estando apenas abaixo dos picos de 2008. Isso, associado ao dólar mais forte frente ao real, deve servir de estímulo aos exportadores. "Nenhuma commodity se desvalorizou em dólar (no mercado internacional) o que o real se desvalorizou, com exceção do petróleo. Isso cria uma vantagem para o exportador", afirmou. "A eventual queda de preços em dólar foi mais do que compensada pelo câmbio", acrescentou. SEM PREVISÕES Barral manteve a posição do governo e ressaltou ainda não ser possível traçar uma meta de exportações para o Brasil em 2009, e que o governo apenas terá uma perspectiva mais clara disso a partir de abril. "De outubro de 2008 a março de 2009 teremos os piores momentos da crise", afirmou ele durante palestra na Amcham. Barral disse que, por ora, o governo trabalha com cinco cenários para as exportações neste ano, sendo que o melhor considera 202 bilhões de dólares, a meta que havia sido prevista para 2008 e ficou perto de ser atingida. O pior cenário considera exportação anual de 158 bilhões de dólares. "O cenário mais otimista é mantendo os preços médios de 2008. E para o melhor cenário se consagrar dependemos da manutenção da demanda e da não ascensão do protecionismo", afirmou ele, observando que a melhor hipótese para as exportações prevê um câmbio competitivo e melhorias na logística e no crédito. "Uma das razões de não estarmos otimistas é a previsão de queda nas economias dos países desenvolvidos." (Edição de Camila Moreira)

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