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Embora rentável, sistema enfrenta resistência no campo

Pecuaristas são pouco familiarizados com a ideia de plantar lavouras ou florestas e têmprevenção com a técnica

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Por Redação
Atualização:

A integração de árvores com pastagens e lavouras possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne ou de leite a um custo mais baixo. Além disso, o produtor ainda conta com uma nova fonte de renda com a produção de madeira. Mas as vantagens detalhadas pelos pesquisadores e extensionistas ainda não são suficientes para sensibilizar muitos produtores.

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De acordo com o pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Pecuária de Corte, ainda há resistência quanto à adoção da ILPF, principalmente pelos pecuaristas. “É uma questão de cultura. Sabemos que é difícil para o produtor começar uma atividade totalmente diferente da que está acostumado (no caso, a agricultura ou silvicultura), da qual não tem domínio. Mas é um sistema comprovadamente eficiente e rentável, que exige, porém, bom gerenciamento da propriedade”, afirma Giolo.

Extensão rural. Outro desafio para expansão das áreas com ILPF é a falta de extensionistas rurais. “O sistema de extensão rural é deficitário em alguns Estados, e isso atrasa a transferência de novos conhecimentos para o produtor”, explica o pesquisador. “A Embrapa tem alguns programas para transferência focados na difusão direta no campo e o maior deles é o de ILPF. Mas não é suficiente.”

De acordo com o pesquisador Ademir Zimmer, da mesma unidade da Embrapa, o sistema ILPF demonstra ter excelentes resultados. “É possível produzir uma arroba de carne bovina por R$ 60 no sistema de integração, enquanto no sistema extensivo o custo chega a R$ 120”, exemplifica. “Muitos produtores têm medo do novo, mas a pressão está vindo, tem muita área degradada e o pecuarista tem de mudar.”

Na produção de grãos, diz Zimmer, os resultados também são animadores e devem ser levados em conta. Segundo ele, o milho cultivado em consórcio com braquiária chega a produzir de três a cinco sacas mais, quando comparado ao plantio convencional.

Visão global. “Levamos 30 anos para conseguir difundir o plantio direto e fazer o produtor aderir. As novas gerações que estão assumindo as empresas agrícolas têm uma visão mais global. É uma questão de tempo para a tecnologia se espalhar”, acredita o pesquisador. O presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, diz que a empresa criou, em 2012, a Rede de Fomento à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, em parceria público-privada. O objetivo é disseminar o conhecimento e as tecnologias de ILPF para os produtores.

Segundo ele, a rede tem realizado inúmeros eventos e capacitações e apoiado o desenvolvimento de plataformas permanentes de transferência tecnológica, denominadas unidades de referência tecnológica. “Cada unidade é um modelo físico de sistema de produção, instalada em área pública ou privada, que visa à validação, demonstração e transferência de tecnologias da ILPF”, explica.

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Atualmente, cerca de 160 unidades de referência estão cadastradas pela Embrapa e ativas em todas as regiões do País. / N.S.

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