Apesar de a crise global ainda surtir efeitos na Embraer, o balanço de primeiro trimestre que a fabricante divulgou nesta quinta-feira, 29, começa a mostrar uma luz no fim do túnel. Além de reduzir o prejuízo líquido para R$ 489,8 milhões no período, ante a perda de R$ 1,276 bilhão vista um ano antes, as receitas da empresa subiram 55% na mesma base de comparação, chegando a R$ 4,452 bilhões, com recuperação em todas as linhas de atuação.
"Historicamente, o primeiro trimestre do ano é sazonal e apresenta um menor número de entregas, porém, com algumas regiões do mundo, principalmente os Estados Unidos, apresentando crescimento da vacinação e do tráfego aéreo nos mercados de aviação comercial e executiva, a companhia está cautelosamente otimista para uma cadência trimestral de entregas mais equilibrada em 2021 em comparação a 2020", disse a empresa no documento de divulgação do balanço.
O segmento de aviação comercial viu suas receitas dispararem 145% no primeiro trimestre, atingindo R$ 1,512 bilhão, com melhora nas entregas em relação ao mesmo intervalo do ano passado, quando a pandemia de covid-19 teve início. Foram entregues nove aeronaves, sendo cinco do modelo E195-E2 - um ano antes, apenas um desses jatos saiu do pátio da empresa. E a visibilidade está aumentando: a fabricante relata que em 23 de abril, assinou um pedido firme de 30 jatos do modelo com um cliente não divulgado, sem dar mais detalhes.
Após fortes resultados no quarto trimestre de 2020, o segmento de aviação executiva viu sua receita cair de R$ 3,050 bilhão em dezembro para R$ 841 milhões no período encerrado em março, com entregas de aeronaves passando de 43 para 13. A Embraer vê uma queda sazonal, e acredita que a tendência é positiva para 2021 com o ritmo de vacinação e a recuperação do tráfego aéreo, principalmente nos Estados Unidos.
No segmento de defesa e segurança, as receitas apresentaram crescimento de 51% no trimestre na comparação anual, para R$ 707,6 milhões, e em serviços e suporte subiram 17%, para R$ 1,37 bilhão.
Proteção de caixa
Com 95% do seu caixa alocado em dólar e o resto em real e outras moedas, a Embraer aderiu a alguns 'hedges' financeiros (instrumentos de proteção contra grandes variações de preço) para reduzir riscos. Para 2021, cerca de metade da exposição da empresa ao real está protegida para o caso de o dólar cair abaixo de R$ 5,20. Para taxas de câmbio acima desse nível, a empresa se beneficiará até um limite médio de R$ 6,31 por dólar. A liquidez da Embraer está em R$ 14 bilhões.