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Embraer reduz previsão de entregas de aeronaves em 2006

Dificuldades na produção de dois modelos da empresa fez com que o número de unidades entregues caísse de 145 para 135

Por Agencia Estado
Atualização:

A Embraer revisou na noite de quinta-feira sua previsão de entregas para 2006, reduzindo o número de 145 aeronaves para 135 unidades. Em comunicado, o grupo afirmou que a decisão foi motivada por "dificuldades verificadas no aumento da cadência de produção" das aeronaves modelo 190 e 195, especialmente em relação à montagem da asa e atrasos na cadeia de suprimento. "Medidas adequadas já foram tomadas para superar essas dificuldades e, em 2007, um mínimo de 160 aeronaves serão entregues, compensando os atrasos do presente ano, em relação às 150 anunciadas anteriormente", diz o aviso. Segundo o presidente da Embraer, Maurício Botelho, o volume de entregas previsto para 2007 poderá ser ultrapassado. O executivo não detalhou, no entanto, de quanto deverá ser o crescimento, explicando que o número oficial será anunciado pela empresa em novembro, em reunião com analistas de mercado. Na ocasião divulgará também a previsão de entregas para 2008. O executivo ressaltou ainda que a carteira de pedidos ultrapassa US$ 14 bilhões. A cifra já contabiliza a encomenda firme de 36 aviões Embraer 175, da companhia aérea norte-americana Northwest Airlines, anunciada na quinta-feira. "Estamos registrando um aumento rigoroso dos pedidos em todos os setores, com exceção do segmento de defesa", afirmou. O presidente da fabricante de aeronaves lembrou também que a empresa já tem mais de 300 pedidos para a família Phenon, cuja primeira entrega deverá ocorrer no segundo semestre de 2007. No terceiro trimestre de 2006, a companhia registrou a entrega de 30 aviões. Desse total, 22 unidades foram destinadas para a aviação comercial e 8 para a aviação executiva. No acumulado dos últimos nove meses, as entregas somam 73 aeronaves. Atraso Botelho informou que a empresa está conversando com seus clientes para discutir compensações pelo atraso na entrega de aeronaves que estavam previstas para este ano, mas que serão realizadas somente em 2007. O executivo admitiu que a empresa está sujeita a multas por conta do adiamento. O executivo ressaltou que o atraso não deverá ultrapassar o prazo de um mês, o que na sua opinião não é significativo, como o caso da Airbus, cuja entrega do modelo 380 pode chegar a um ano. "Já iniciamos as conversas com nossos clientes para discutir compensações", afirmou. Botelho informou ainda que a empresa não vai privilegiar um ou outro cliente e que os que têm o maior volume de encomendas, naturalmente, serão os maiores prejudicados. Lineage O presidente da Embraer informou que o plano de negócios da empresa para o jato executivo Lineage será facilmente ultrapassado. Segundo o executivo, a previsão da empresa era de fechar o ano com até três encomendas da aeronave, mas a expectativa atual é de chegar ao final de 2006 com pelo menos oito pedidos firmes do modelo. O jato, lançado em maio deste ano em feira do setor em Genebra, tem autonomia para vôos de até 8 mil quilômetros. "É um modelo extremamente luxuoso, com suíte com cama de casal e chuveiro, além de sala de reuniões, entre outras sessões", destacou. A aeronave tem valor de venda de US$ 40,9 milhões. Acidente Botelho preferiu não fazer qualquer comentário sobre possíveis danos à imagem da empresa ou custos gerados com a disponibilização de advogados e técnicos por conta do envolvimento do jato Legacy, de fabricação da empresa, com o acidente do Boeing da Gol. A tragédia ocorreu na semana passada e resultou na morte de 154 pessoas. O executivo disse que a decisão envolve uma postura profissional. "Acidentes aéreos são eventos tristes, trágicos e demandam um comportamento sereno e sério das empresas envolvidas", afirmou. Segundo ele, é preciso esperar a correta identificação das causas e fatores do acidente, além do pronunciamento oficial das autoridades competentes em relação ao caso. "Tudo que está se falando agora não passa de especulação." No momento em que foi questionado sobre o tema, durante teleconferência realizada nesta sexta-feira com analistas e a imprensa para comentar a revisão de entregas para o ano, a ligação ficou muda por alguns minutos. Com a conexão restabelecida, Botelho riu e brincou com o contratempo, explicando que não foi de propósito. "Apertei o botão errado." Matéria alterada às 12h34 para acréscimo de informações

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