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Embraer vende 39 aviões em Paris

Companhia brasileira chega ao milésimo avião da família EMB vendido

Por Andrei Netto
Atualização:

CORRESPONDENTE / PARISA construtora aeronáutica brasileira Embraer anunciou ontem a assinatura de contratos de venda de 39 aviões da família ERJ/EMB, em uma encomenda avaliada em US$ 1,7 bilhão. Somam-se ao negócio outras 22 opções de compra, que podem elevar o valor total da transação a US$ 2,6 bilhão. As cifras alçaram a fabricante de São José dos Campos ao primeiro destaque entre os construtores de aeronaves regionais no primeiro dia do 49º Salão Aeronáutico de Bourget (Paris Air show), superando as concorrentes Bombardier, Sukhoi e ATR. Os aparelhos foram vendidos para as empresas como a SriJava, da Indonésia - o maior contrato, com 20 jatos - a Kenya Airways, do Quênia, Air Astana, do Casaquistão, GE Capital Aviation Services (Gecas) e Air Lease Corp., dos Estados Unidos. Os contratos de venda foram divulgados ontem, em Le Bourget, e representaram um marco para a companhia, quarta maior do mundo. Com o acordo, ela superou a barreira de mil aviões Emb-170/190 vendidos desde 2004. Há ainda 750 opções de compra em curso. Os modelos E170, E175, E190 e E195, com capacidades que vão de 70 a 122 lugares, equipam 60 companhias aéreas em 40 países. "É uma grande conquista, principalmente se levarmos em consideração que a marca foi atingida apenas sete anos após a primeira entrega", comemorou Paulo César de Souza e Silva, vice-presidente executivo da Embraer para aviação comercial. Apesar de sua discrição no Salão de Bourget - a Embraer não trouxe aviões para apresentações em Paris -, os anúncios de ontem destacaram a empresa brasileira na comparação com seus rivais diretos, como a canadense Bombardier, a russa Sukhoi e a franco-italiana ATR. Rival histórica da Embraer, a Bombardier anunciou a venda de apenas dez aviões CS100, além de seis outras opções, em um negócio avaliado em US$ 616 milhões. O nome do cliente não foi revelado. Otimismo. Souza e Silva também disse esperar pela resposta da companhia aérea americana Delta Airlines, que a partir de outubro deve iniciar um processo de renovação da frota, em uma disputa aberta com Airbus, Boeing e Bombardier. "A nossa expectativa é que a Delta decida em outubro. Estão falando em 250 aviões, sendo 100 jatos regionais", afirmou. "Estamos bem na campanha com a Delta, que já voa com nossos aviões." Apesar do otimismo, a Embraer enfrenta um revés com a companhia americana JetBlue, que em 2003 firmou contrato de US$ 6 bilhões para a aquisição de 100 aeronaves Emb-190, com opções de compra de outras 100. Por causa da crise na empresa, o contrato corre risco deve não ser honrado. Apenas 49 aviões foram entregues.O sucesso da Embraer, que superou de longe o número de encomendas anunciadas pelos concorrentes diretos, não apagou a expectativa em torno de uma resposta da companhia brasileira sobre seus planos. No meio aeronáutico, há expectativa crescente sobre a decisão da Embraer de renovar sua família ou lançar-se em um novo projeto, de um avião de maior porte - 150 lugares - capaz de competir com certas linhas da Airbus e da Boeing. Empresas clientes da Embraer, começam a analisar a possibilidade de adotar o A320NEO (New Engine Option), a versão com nova motorização do aparelho mais vendido da Airbus. Nos bastidores do Salão de Bourget, analistas se perguntam sobre os novos projetos da Embraer, que hesita entre a modernização da família EMB, mantendo-se no mercado de aeronaves com 70 a 122 lugares, e a criação de uma nova família, no segmento de 122 a 150 assentos. Nesse mercado, a construtora franco-germânica Airbus já anunciou a modernização do modelo A320 com o uso de motores mais econômicos. Já a americana Boeing deve confirmar em breve o destino de seus aviões 737. Com base em uma nova configuração do mercado, a Embraer deve tomar sua decisão. Em entrevista à agência Reuters no domingo, Frederico Curado, presidente da Embraer, reconheceu que a companhia precisa ajustar sua rota. "Estamos sentindo o aumento da competição e não podemos ter ilusão de que podemos ficar de braços cruzados, sem novos planos e está tudo bem", disse. "A expectativa começa a aumentar. Eu continuo achando que até o fim do ano já teremos um direcionamento bem claro."

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