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Emergentes mantêm ritmo de expansão maior

Comparação com parceiros no BRIC é desfavorável

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Patricia Lara , Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e João Caminoto
Atualização:

O ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil do segundo trimestre de 2007 voltou a ficar abaixo do vigor exibido por outros países emergentes, em particular os parceiros no ''''BRIC'''' - Rússia, Índia e China. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o Brasil cresceu 0,8%, ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2006, a alta foi de 5,4%. Na Índia, o crescimento da economia foi de 9,3% de abril a junho - o primeiro trimestre do ano fiscal do país - em relação ao mesmo trimestre de 2006. No caso da China, o PIB cresceu 11,9% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, superando os 11,1% do primeiro trimestre. Os dados mais recentes sobre a economia russa referem-se ao primeiro semestre. Nesse período, a expansão foi de 7,9%, ante igual período de 2006. No semestre, o PIB brasileiro subiu 4,9%% em relação ao primeiro semestre de 2006. Outros países emergentes também apresentaram expansões expressivas. Exibindo um padrão chinês, a Eslováquia confirmou o status de economia mais dinâmica da Europa e cresceu 9,4% no segundo trimestre. No primeiro trimestre, o país havia crescido 9%. A Polônia cresceu 6,7% no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2006. A expansão, no entanto, foi inferior aos 7,4% do primeiro trimestre. A República Checa cresceu 6% no segundo trimestre, também abaixo da expansão anual de 6,4% do primeiro. Na Lituânia, a expansão econômica se desacelerou para 8% no segundo trimestre, no comparativo anual, ante 8,3% do trimestre anterior. A economia das Filipinas fechou o segundo trimestre com o maior crescimento em 20 anos, com 7,5% ante igual período de 2007. Na Malásia, o PIB do segundo trimestre avançou 5,7%. EVOLUÇÃO POSITIVA Apesar do crescimento inferior ao de outros países emergentes, a evolução do PIB brasileiro é positiva porque confirma a trajetória de crescimento dos últimos três anos. A opinião é do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. O resultado, de acordo com o economista, confirmou a trajetória de acomodação para um nível mais moderado do ritmo da atividade econômica nos dois trimestres anteriores. Para Agostini, o baixo dinamismo do crescimento econômico brasileiro, que se arrasta há anos, está relacionado aos seguintes fatores: taxa de juro real ainda elevada, baixas taxas de investimento em relação ao PIB, precárias condições de infra-estrutura, ambiente jurídico com baixo nível de segurança, carga tributária elevada, ausência de marcos regulatórios para setores chaves da economia (como o de energia), corrupção e burocracia. ''''Comparado aos demais países emergentes, que são nossos principais concorrentes pela atração de investimentos no setor produtivo, o desempenho do PIB nacional revela que ainda há muita lição de casa a ser feita'''', disse Agostini. Embora considerado positivo, o crescimento do PIB no segundo trimestre ficou abaixo do esperado pelos analistas de bancos estrangeiros. Com isso, foi reforçada a aposta de que a expansão econômica em 2007 ficará mais próxima dos 4,5%, e não dos 5% alardeados pelo governo. ''''Está ficando cada vez mais claro que a probabilidade de o PIB neste ano ficar mais próximo de 4,5% do que de 5% ou mais - o que seria bem acima do potencial da economia - aumentou significativamente'''', disse o economista-sênior do banco Dresdner Kleinwort, Nuno Câmara. Ele reduziu a previsão para o crescimento do Brasil em 2007 de 4,8% para 4,6%. Para o economista Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, o resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre mostra que o crescimento continua se acelerando, mas num ritmo inferior ao esperado de um país com o potencial do Brasil. Segundo ele, nos próximos meses o País continuará a crescer moderadamente acima de sua tendência histórica, ancorado na demanda doméstica.

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