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Emergentes querem G-7 ampliado, diz Mantega

Ministro pede ?Bretton Woods 2? para redesenhar a nova ordem financeira

Por Mariana Barbosa e Fernando Nakagawa
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem a realização de um "Bretton Woods 2" para redesenhar a nova ordem financeira internacional, com a presença ativa dos países emergentes. "Estamos falando de uma crise global e as discussões não podem ficar restritas ao G-7. Propomos que a gente seja envolvido no desenho de propostas para solucionar a crise do sistema financeiro internacional e nos recusamos a tomar cafezinho nos encontros do G-7", afirmou o ministro. A proposta de aumentar a participação dos países emergentes nos grandes fóruns decisórios mundiais foi o tema central da reunião com ministros de finanças dos chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia, China) ontem em São Paulo. A reunião serviu para os países afinarem o discurso para o encontro de ministros do G-20 - grupo integrado pelos membros do G-7, Brics, União Européia e outros grandes emergentes -- que acontece neste final de semana em São Paulo, e que conta também com a presença do FMI e do Banco Mundial. A reunião é preparatória para o encontro de chefes de Estado do grupo que será realizado em Washington no dia 15. Dentre os caminhos ampliar os poderes dos emergentes de forma permanente estaria a ampliação do G-7, para G-13, G-15 ou G-20 ou uma reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) que dê mais voz aos países emergentes. "Nossa inclinação é que se fortaleça o G-20, para que ele seja alçado à condição de fórum de nível de chefes de Estado", afirmou o ministro. "As grandes decisões são tomas no G-7 e não no FMI." O argumento de Mantega é que um "FMI anabolizado" pode não ser capaz de dar mais vozes aos interesses dos países emergentes. "Somos dirigidos e controlados por instituições que refletem a conjuntura dos anos 40. Apesar de 75% do crescimento mundial vir dos países emergentes, temos pouco direito de voz nesses organismos que controlam o sistema financeiro internacional, como FMI e Banco Mundial." O ministro acredita que o fato de a crise ter sido deflagrada nos países avançados e gerado conseqüências nos mercados emergentes pode ter levado a uma abertura por parte do G-7 para ampliar o fórum. Um grande sinal disso foi o convite do presidente americano George W. Bush para a realização do encontro de chefes de Estado do grupo de 20 países na próxima semana em Washington, para discutir eventuais medidas para minimizar os impactos da crise. "França e Itália defendem a entrada de emergentes, mas não será nossa iniciativa. É o G-7 que vai decidir." Mantega respondeu as críticas da ministra da Economia da França, Christina Lagarde, em entrevista em Paris na quinta-feira, declarou que o Brasil quer mais poderes no FMI mas não quer pagar por isso. "Estamos dispostos sim a pagar mais, desde que isso envolva poder de decisão. Por enquanto é o Fundo que não está disposto a nos dar mais participação." Os ministros do G-20 vão passar o final de semana discutindo propostas para regularizar, fiscalizar e dar mais transparência ao sistema financeiro mundial, assim como políticas fiscais e monetárias coordenadas para estimular a economia global. "Nunca vi convergência tão grande no diagnóstico da crise, nas propostas de regulação e fiscalização, assim como vejo uma convergência muito grande com relação às medidas anticíclicas que devem ser tomadas. Mas como dizem, o diabo está nos detalhes. Talvez haja divergências em relação a detalhes." Apesar da concordância em relação ao futuro das negociações, Mantega fez um diagnóstico pouco otimista para a economia dos Estados Unidos, Europa e Japão. Para ele, é inevitável que essas regiões entrem em recessão. Para o Brasil, o diagnóstico é mais favorável.

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