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Emergentes sentem 'puxão' dos EUA, diz Wall Street Journal

Economias emergentes podem sentir efeitos da crise no mercado americano.

Por BBC Brasil
Atualização:

Os mercados emergentes estão sentindo o "puxão" da economia americana, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal americano Wall Street Journal. "Para escapar das desgraças nos Estados Unidos, investidores partiram para a compra de ações nas economias que crescem rapidamente, como China, Índia e Brasil", afirma a reportagem. "Agora, parece que esses mercados podem não oferecer o refúgio esperado." Segundo o diário, o medo de uma recessão nos Estados Unidos vem crescendo globalmente e, na quarta-feira, causou forte queda nos mercados asiáticos, que já haviam sofrido perdas recentemente. O Wall Street Journal diz que índices de mercados da Coréia do Sul, da Tailândia, da Turquia e do Brasil caíram 8% ou mais desde o início deste ano, uma reversão da "performance estrelar" do ano passado e uma má notícia para os investidores que, de acordo com o jornal, viam esses mercados como um refúgio das crises de crédito e hipotecas nos Estados Unidos e na Europa. Segunda olhada O jornal afirma ainda que, apesar de a economia dos países emergentes permanecer saudável, os mercados desses países estão cada vez mais ligados aos dos países desenvolvidos, e hoje estão muito mais conectados do que da última vez em que os Estados Unidos passaram por uma recessão. "Então, com as perspectivas de uma recessão americana crescendo, economistas e investidores estão dando uma segunda olhada na idéia de que essas economias podem sobreviver sozinhas", diz a reportagem. O jornal cita o principal economista para a América Latina do banco de investimentos Morgan Stanley, Gray Newman, que, no mês passado, publicou um relatório afirmando que o crescimento da região não deve ser tão forte como o esperado pelo próprio banco. "Investidores que estavam antecipando mais um ano de ganhos nos mercados emergentes agora vêem riscos", afirma o Wall Street Journal. "Depois de prever crescimento de 25% nos mercados de ações da América Latina para 2008, o Citigroup publicou um relatório nesta semana afirmando que a região pode enfrentar perdas da mesma ordem, caso os Estados Unidos entrem em recessão." 'Financial Times' Na Inglaterra, o Wall Street Journal também publica artigo afirmando que o mercado tem apostado nesta idéia de que os emergentes podem ser a esperança no caso da recessão americana. O Financial Times afirma que os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) de hoje são as empresas de tecnologia que atraíram a bolha de investimento no fim dos anos 90. Mas, no artigo publicado nesta quinta-feira, o jornal diz que as evidências desta desconexão entre os emergentes e a economia americana são mistas. O texto afirma que o crescimento dos mercados emergentes pode ser medido pela demanda de commodities, e que o índice internacional que mede esta demanda está 33% abaixo de seu pico, sugerindo uma queda. O jornal ainda afirma que, mesmo que as economias emergentes se mostrarem desconectadas da recessão americana, isso não significa a salvação completa, já que pode haver inflação e os governos podem limitar a ação de bancos centrais, inclusive cortes nas taxas de juros. "Mas por enquanto, os Brics continuam festejando como se fosse 1999", conclui o artigo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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