Na tentativa de reforçar seu caixa, a Gol anunciou ontem a intenção de emitir novas ações da companhia no mercado e ofertar parte dos papéis em poder de acionistas. As ofertas primária e secundária de ações podem chegar a R$ 975 milhões, segundo estimativa da corretora Link Investimentos. A companhia, porém, não informou prazos nem a quantia que pretende levantar. Estimou apenas que a oferta primária em estudos ficaria entre R$ 550 milhões e R$ 650 milhões. Por meio de fato relevante, a Gol pediu à Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) uma análise para a distribuição pública e primária de ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto). Após essa análise, a empresa ainda terá de registrar formalmente o pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Junto com sua controladora, o Fundo de Investimentos em Participações Asas, a Gol também apresentou à Securities and Exchange Commission (SEC) - equivalente americana da CVM - um pedido de registro de distribuição pública primária e secundária de papéis PN na forma de American Depositary Shares (ADSs). "A captação por meio da oferta primária é positiva pois reduzirá a alavancagem financeira da companhia", informou o Banco Fator, em relatório divulgado ontem. Atualmente, o fundo Asas detém a totalidade das ações ON da Gol e 52% das PN. Para não diluir sua fatia em ON, o fundo vai usar os recursos da oferta secundária na subscrição das ações ON. Segundo operadores, a quantidade de papéis secundários e de ON a ser lançada deverá ser suficiente para manter a relação do capital total em 50% ON e 50% PN. No caso das ações PN, a Link estima que, após a operação, a participação do fundo Asas passará dos atuais 52% para 32%. A quantidade de ações em circulação no mercado (free float) de PN, por sua vez, passará de 44% para 64%. "No geral, acreditamos que a oferta é positiva para a companhia, na medida em que vai ao encontro da estratégia de recomposição do caixa da empresa", afirma a corretora no relatório divulgado ontem. A Link lembra que a Gol iniciou o ano em uma situação de caixa um tanto quanto desconfortável (R$ 414,9 milhões), e com um cenário de demanda desfavorável. A corretora destaca que, mesmo diante desse cenário, a Gol conseguiu levantar este ano R$ 203,5 milhões via aumento de capital, R$ 400 milhões com emissão de debêntures e R$ 252 milhões com o lançamento do cartão de crédito Smiles, em conjunto com Banco do Brasil e Bradesco (dos quais R$ 104 milhões recebidos até junho). Para a analista de investimentos da SLW Kelly Trentin, a oferta servirá para fazer frente às despesas operacionais, além de servir de garantia para pagamento de operações de leasing. COLABOROU SILVIA ARAUJO