Métodos tradicionais de ensino – em que a transmissão do conhecimento é unilateral – estão virando coisa do passado. A nova geração de estudantes, que já nasceu familiarizada com todas as possibilidades da tecnologia, pede mais do que aulas estáticas e descoladas da realidade. Eles buscam inspiração, participação, questionamentos e soluções.
Conhecido como movimento maker, essa nova forma de aprendizado, cada vez mais prático, empreendedor e participativo, vem se disseminando nas escolas e ajuda crianças e adolescentes a se desenvolver em um mundo em constante transformação digital e cultural. “Hoje os estudantes têm que se formar em um novo ambiente, adquirindo habilidades empreendedoras, com novas formas de resolver problemas e de trabalhar em equipe. O professor se torna um mediador em sala de aula, dando ferramentas para que as crianças aprendam dentro de um contexto real e palpável”, explica a escritora e pesquisadora de empreendedorismo, Alice Sosnowski.
Protagonismo e descoberta
No Colégio Visconde de Porto Seguro, essa iniciativa começou há quase uma década no curso técnico de Comércio Exterior, com programas em que os alunos estudavam mercados, formavam empresas e desenvolviam soluções inovadoras como parte do currículo acadêmico. “Depois de alguns anos, percebemos que também fazia sentido expandir essa prática participativa e empreendedora para os alunos de todos os anos e atingindo todas as disciplinas sempre que possível”, conta a coordenadora Institucional de Educação Digital, Joice Lopes Leite.
Segundo José Manuel Ribeiro de Melo, coordenador dos Projetos de Empreendedorismo do Ensino Médio, é importante transformar o processo de aprendizado em algo significativo para que o aluno se interesse mais em estudar. “Aqui no Porto temos a cultura de mostrar que as disciplinas não são fragmentadas, mas sim um conhecimento conjunto. Hoje os estudantes querem fazer a diferença. Para isso, damos as ferramentas para que eles entendam e aprendam como chegar lá” diz.
Pensamento sustentável
Essa vontade de fazer a diferença foi o que fez 1.257 jovens tomarem parte no Porto.Komm, primeiro congresso no Brasil a apresentar pesquisas, projetos e ideias inovadoras com propostas de empreendedorismo sustentável, diálogo intercultural e tecnologia. Entre esses jovens está o grupo formado por cinco alunos da 1ª série do Ensino Médio de Valinhos que, com um projeto focado no desenvolvimento de móveis rústicos com pallets de eucalipto recuperados, criaram uma empresa – a Touvan – e trabalharam em parceria com a Facamp (universidade da região de Campinas) na criação e produção de poltronas, bancos e mesas a partir desse material reutilizável. “O conhecimento deles sobre engenharia e o maquinário necessário para a realização do projeto nos ajudou tanto no processo criativo, quanto na produção dos nossos móveis", conta Luana Bresciani Baptista, CFO da Touvan.
Sim, os alunos têm cargos e responsabilidades dentro das pequenas empresas criadas para os projetos desenvolvidos no colégio. “Isso é importante para desenvolver a consciência do trabalho em equipe, na divisão de responsabilidade e na solução de possíveis conflitos de relacionamento, pontos primordiais para o desenvolvimento individual e na preparação para o futuro desses adolescentes”, diz José Manuel. Além disso, o empreendedorismo e o engajamento com o desenvolvimento sustentável têm uma força muito grande nessa nova geração – “eles sabem o que está em jogo e querem fazer a diferença”, completa o coordenador.
Letícia MIguel dos Santos, CMO da pequena empresa
Empreendedorismo em alta
O engajamento dos alunos nesse novo modelo de aprendizado poderá ser visto de forma concreta no Porto.Komm. Além dos alunos criadores da Touvan, mais 21 projetos envolvendo produtos, estudos de mercado e de viabilidade econômica serão apresentados nos três Câmpus do colégio.
Entre eles está o Find Pet, uma coleira para cachorros e gatos com GPS produzido a partir de lixo eletrônico, um conjunto de talheres e canudo produzidos de bambu e um tapete feito de uma lona envolvida em sarja (ambas recicladas do Panamby) que busca desenvolver as principais habilidades de uma criança. Outros grupos apostaram no desenvolvimento de luminárias, banquetas e prateleira produzidas com shapes de skate, além de churrasqueira e sofás produzidos a partir de tambores. Todos os projetos desenvolvidos pelos alunos da 1ª série do Ensino Médio do colégio.
Henrique Taranto Jóia, aluno da 1ª série do Ensino Fundamental de Valinhos
Serviço
O Porto.Komm acontece no dia 28 de setembro, sábado, das 9h às 15h, nos Câmpus Morumbi, Panamby e Valinhos do Colégio Visconde de Porto Seguro.