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Emprego industrial recua 0,2%

Para IBGE, taxa de outubro ante setembro mostra ?acomodação?; analista prevê piora dos números no ano que vem

Por Jacqueline Farid
Atualização:

O mercado de trabalho industrial registrou "acomodação" em outubro, acompanhando a perda de ritmo no crescimento da produção do setor. O emprego caiu 0,2% ante setembro e aumentou 1,6% ante outubro do ano passado, a menor expansão na comparação com o mesmo mês do ano anterior, desde março do ano passado. O número de horas pagas, indicador que reflete imediatamente as mudanças no nível de atividade, caiu 0,3% ante setembro. A economista Denise Cordovil, da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explicou que a perda de ritmo na atividade industrial chega tradicionalmente com defasagem ao emprego no setor, mas os resultados das horas pagas já mostraram efeitos da desaceleração em outubro e mesmo os dados da ocupação já mostraram sinais de perda de ritmo. Ela salientou que a queda no número de horas trabalhadas ocorreu em um mês que, tradicionalmente, é aquecido na atividade e no emprego industrial, já que as empresas estão produzindo para atender às encomendas do varejo de final de ano. Denise explicou que os resultados do emprego industrial não refletem as férias coletivas ocorridas em vários segmentos em outubro e que afetaram os resultados da produção. Os dados da pesquisa divulgada ontem, segundo Denise, mostram apenas contratações e demissões ou horas pagas e não abrangem paralisações ou férias pontuais. Para a analista Ariadne Vitoriano, da Tendências Consultoria, "de certa forma, esses dados refletem parte do mau desempenho da produção industrial em outubro que já refletiu os efeitos da crise externa". A avaliação de Ariadne é que a queda da confiança do empresário industrial deve fazer com que ocorra certa estabilidade do mercado de trabalho no setor nos próximos meses. "Com as maiores incertezas com relação ao quadro econômico e às extensões da crise, eles devem evitar novas contratações neste momento", acredita. Para ela, "os impactos mais sensíveis da crise devem acontecer em 2009, quando o emprego industrial deve apresentar resultados ruins". PRODUTIVIDADE Ariadne fez cálculos que apontam queda da produtividade do trabalho em outubro. Segundo ela, o indicador, calculado através da razão entre a produção física e o número de horas pagas, apresentou queda de 1,4% em outubro ante setembro. A analista explica que a retração da produtividade refletiu a diminuição mais forte da produção (queda de 1,7% em outubro ante setembro) em relação à do número de horas pagas (recuo de 0,3%). Segundo o IBGE, em 2008, o emprego na indústria acumulou alta de 2,6%.

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