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'Emprego na indústria eu não consigo'

Ex-metalúrgico da indústria automotiva vai trabalhar com transporte no setor de turismo

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Metalúrgico da fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR) por oito anos, Iverson Cordeiro aproveitou o Programa de Demissão Voluntária (PDV) encerrado neste mês e usou o dinheiro extra recebido de indenização para comprar uma van com capacidade para 16 passageiros. "Vou trabalhar na área de transporte de turistas na região de Curitiba", informa. Cordeiro, de 38 anos, acredita que, num primeiro momento, vai ganhar menos que os R$ 3,2 mil mensais que recebia no setor de carroceria da marca francesa. Acha, contudo, que "se fizer um trabalho bem feito e conquistar clientela", com o tempo poderá ganhar mais. "Se fosse procurar outro emprego na área metalúrgica não conseguiria encontrar", diz ele, que mora em Almirante Tamandaré, na Grande Curitiba, com a esposa e dois filhos de 13 e dois anos.

Iverson Cordeiro, ex-funcionário da Renault em São José dos Pinhais (PR) que entrou num programa de demissão voluntária (PDV) e comprou uma van para trabalhar com o transporte de turistas na região de Curitiba. Foto: DENIS FERREIRA NETTO/ESTADAO

Depois de 30 anos na Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo (SP), onde trabalhava como planejador de ferramentas, Francisco Aparecido dos Santos aderiu ao PDV aberto pela empresa no ano passado. Já aposentado e sem perspectivas de outro emprego na indústria, adquiriu um táxi e hoje faz ponto na Vila Gilda, em Santo André (SP). "Aqui no ponto há cinco motoristas que são ex-funcionários de montadoras", afirma Santos, de 55 anos. Segundo ele, há meses em que ganha mais do que ganhava na Mercedes, outros não. Recorrer ao setor de serviços tem sido uma das alternativas para os trabalhadores que deixam a indústria. Para o professor José Pastore, especialista em Economia do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP), o setor de serviços é sempre uma alternativa importante, mas, no geral, também está esfriando nos últimos meses, reflexo do medo do desemprego e da redução do poder aquisitivo. Ele cita, como exemplo, que é a clara redução na alimentação fora de casa e que há movimentos importantes de pais que retiram os filhos de escolas particulares ou dispensam a empregada doméstica. "Não dá para falar que as áreas de serviços e comércio serão a salvação para quem sai das empresas, pois são setores de pouco fôlego", diz Pastore.

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