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''''Emprego não falta'''', diz pedreiro

Trabalhadores, migrantes em sua maioria, comemoram bom momento

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Por Redação
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O pedreiro William Morais Pinheiro, baiano de Morro do Chapéu, está feliz com a profissão. Desde que desembarcou em São Paulo, quatro anos atrás, já passou por seis construtoras, sempre melhorando o salário - piso de R$ 785, mais R$ 3,33 de produção por metro quadrado -, bem mais do que ganhava trabalhando na roça em Irecê, a terra do feijão. "Disso não posso me queixar, emprego é o que não falta", disse ele na quarta-feira de manhã no 11º andar de um prédio em obras na Vila Clementino, zona sul da capital, entre meia dúzia de companheiros. Se estava com a cara amarrada naquela hora, era de ficar parado por falta de massa para dar acabamento à fachada, sua especialidade. "A máquina quebrou, faz três dias que não ganho um centavo", queixava-se o fachadista, imaginando que, no fim do mês, a remuneração pudesse cair pela metade. Pinheiro mora num quarto alugado na periferia da zona leste e viaja quase duas horas de trem e metrô, ida e volta, para trabalhar na zona sul. Vida dura, mas ele nem pensa em voltar para o Nordeste. Os conterrâneos concordam, embora todos tenham saudades da família - dos pais, irmãos e sobrinhos que não puderam migrar para São Paulo. "Se aqui é ruim, lá é pior", disse Valdik Pires Rocha, que chegou há 25 anos de Boa Nova, região de Jequié. O mestre-de-obras Alírio Martim Ribeiro, de 43 anos, outro migrante de Boa Nova, veio na mesma época e nunca voltou à sua terra. A maioria dos funcionários que trabalham ali é da Bahia e do Ceará. Começaram na categoria de servente - sem nenhuma qualificação - e foram progredindo na profissão, até atingir o grau de oficial, aquele pessoal de capacete branco, que pode ser pedreiro, carpinteiro, azulejista, eletricista, encarregado... Assim foi a carreira de Cícero de Jesus Santos, baiano de Macaúbas. Contratado em 1997 como ajudante, subiu para administrador e hoje, aos 33 anos, é comprador de materiais, um cargo de confiança na empresa. Huruo Ishikawa, o dono da construtora, sorri de satisfação e orgulho, ao apontar os empregados que vão melhorando de vida nesse ramo. Cícero tinha curso colegial completo quando chegou, mas a maioria partiu quase do zero. "Muitos foram alfabetizados na obra", informa o engenheiro Odécio Funai, nessa mesma firma desde 1988. "Colei grau em outubro na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru e já estava empregado em dezembro." A fidelidade de seu pessoal ao emprego, sobretudo numa época como essa, quando os "gatos" da concorrência acenam com salários mais altos, é mais uma alegria de Huruo Ishikawa, pois não é nada fácil encontrar engenheiro e oficial de experiência. "Não tenho dificuldade neste instante, mas vou ter", prevê. Além de 60 funcionários, ele tem mais 150 terceirizados. A demanda por profissionais qualificados, que não se via nos últimos 15 anos, vem aumentando desde o fim de 2006.

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