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Emprego, renda e desindustrialização

Por Análise: Clemente Ganz Lúcio
Atualização:

O Brasil tem nas próximas duas décadas a oportunidade de se transformar em uma sociedade desenvolvida. Mas precisa enfrentar o desafio de promover uma dinâmica econômica que eleve e distribua a renda per capita de forma consistente. A estratégia de desenvolvimento produtivo, assentada em uma política industrial capaz de adensar as cadeias produtivas com componentes nacionais, agregar valor e desenvolver vocações regionais, é a base de um projeto que consolida um amplo mercado interno de consumo. A geração de emprego, o crescimento dos salários, a partilha dos ganhos de produtividade e as políticas distributivas são pilares de sustentação das transformações desejadas e possíveis a partir de uma perspectiva igualitária.A indústria tem efeito dinamizador na geração de emprego e renda dos demais setores. Se a tendência é que urbanização e crescimento da massa de rendimentos exijam a ampliação dos setores de serviços, comércio e agropecuária, é importante considerar como estratégica a ampliação do espaço de participação da indústria na economia nacional e mundial, como indutor da agregação de valor e produtividade.Trata-se, portanto, de prioridade ampliar a capacidade instalada da indústria, criar e fortalecer elos das cadeias produtivas, promover e difundir ciência, tecnologia e inovação, oferecer crédito público e privado de longo prazo, desonerar investimentos, melhorar a infraestrutura produtiva, entre outros. A valorização cambial, agravada pela crise mundial e pelas iniciativas dos países para enfrentá-la, traz riscos graves para a perspectiva de desenvolvimento produtivo no Brasil. A possibilidade de desindustrialização tem crescido; para isso, não há uma solução única.Parte considerável da geração de emprego e renda que poderá reduzir a desigualdade e a informalidade depende de decisões políticas que dinamizem o desenvolvimento industrial. Sem este desenvolvimento, provavelmente perderemos oportunidades.É DIRETOR DO DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS

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