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Empresa de ecologia vale US$ 1 bi

Criada por um brasileiro radicado em Londres, a Ecosecurities é a maior do mundo em crédito de carbono

Por Marianna Aragão
Atualização:

A luta contra o aquecimento global abriu um novo campo de trabalho e negócios mundo afora. Meio empreendedores, meio ambientalistas, os pioneiros que apostaram há tempos em negócios verdes - comércio de carbono, energias renováveis e tecnologias limpas - hoje colhem os frutos milionários dessa decisão. Ninguém retrata tão bem esse universo como o engenheiro agrônomo Pedro Moura Costa, que organizou na semana passada o Rio+15, encontro internacional para discutir as realizações na área ambiental 15 anos depois da Eco 92. Apaixonado por guitarra e blues, o carioca Costa deixou há 20 anos a rotina de praia e estudos no Rio para correr mundo e se dedicar a questões ambientais. Radicado em Londres, Costa criou há dez anos a Ecosecurities, empresa especializada em desenvolver projetos de créditos de carbono - um bônus concedido a quem reduz as emissões e que pode ser vendido para empresas poluidoras, seguindo as regras do Protocolo de Kyoto. Hoje, a Ecosecurities é a maior empresa de créditos de carbono do mundo e vale mais de US$ 1 bilhão na Bolsa de Londres. Costa já vendeu parte de suas ações e ainda tem 10% da companhia. Ele prefere não falar sobre o quanto lucrou. ''''Mais que qualquer coisa, sou um ''''ecoempreendedor'''''''', responde. Costa começou a atuar no ramo por ser apaixonado por questões ambientais e acabou abrindo um novo mercado. Depois de um período de estudos na Inglaterra, no final dos anos 80, morou cinco anos na Malásia, onde desenvolveu o primeiro Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - antes chamado de projeto de seqüestro de carbono - para uma empresa florestal. O sucesso da experiência estimulou a abertura da Ecosecurities, sete anos depois. ''''Com dois projetos grandes em cima da mesa, vi que havia chegado a hora'''', conta. Ele abriu a empresa em sua casa, em Oxford, na Inglaterra, ao lado da esposa Ruth, inglesa que conheceu na temporada na Malásia. ''''O Pedro jogava nas 11 posições: fazia a visão estratégica, o desenvolvimento científico e a parte comercial da empresa'''', conta Maurício, o irmão caçula de Costa. O ano decisivo para a Ecosecurities foi 2005, quando as ações da empresa passaram a ser negociadas na Bolsa de Londres. Foi o ano também em que entrou em vigor o Protocolo de Kyoto, estimulando a criação de projetos ambientais pelos 140 países signatários e inflando a carteira de clientes da consultoria, que prepara e acompanha a execução dos projetos que reduzem a emissão de gases do efeito estufa. Do escritório em Oxford, Pedro administra cerca de 3 bilhões em créditos de carbono. Nas mãos dele estão 422 projetos - o dobro do portfólio de sua maior concorrente, a irlandesa Agcert International. A Ecosecurities tem uma equipe de 250 pessoas em 28 escritórios ao redor do mundo. ''''O Pedro é um carioca tranqüilo, mas teimoso. Se não fosse assim, não conseguiria ter feito o que fez'''', diz Tasso Azevedo, diretor do Serviço Florestal Brasileiro, do Ministério do Meio Ambiente. Ele conheceu Costa a bordo de um barco no rio Tapajós, há 12 anos, quando o carioca ainda trabalhava como consultor independente.

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