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Empresário Nelson Tanure oferece US$ 202 milhões pela Varig

A Fundação Ruben Berta (FRB), dona de 87% do capital total da Varig, recebeu com interesse a proposta do empresário.

Por Agencia Estado
Atualização:

O empresário Nelson Tanure, arrendatário dos jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil, apresentou hoje uma proposta de investimento da Varig para cerca de 50 pessoas no Tribunal de Justiça do Rio. Pelo plano apresentado, Tanure estaria disposto a desembolsar US$ 202 milhões. Essa proposta está dividida em duas partes. Uma primeira tranche do desembolso envolveria a compra de uma participação de até 25% do capital da holding que controla a Varig, a Fundação Ruben Berta Participações (FRBpar). Essa primeira operação envolveria US$ 100 milhões, pela compra de 25% das ações da FRBpar. Outros US$ 12 milhões seriam pagos para o empresário deter o direito de voto e indicação da maioria do conselho de administração da empresa por 10 anos. A segunda parte de reestruturação da Varig envolveria mais US$ 90 milhões da Companhia Docas, de propriedade de Tanure e que está fazendo a oferta pela Varig, para comprar 20% do capital da Varig. No caso desses recursos, previstos nessa segunda parte da operação, o montante faria parte uma operação conjunta de capitalização da Varig junto com credores da companhia, que somaria US$ 360 milhões. Interesse na proposta A Fundação Ruben Berta (FRB), dona de 87% do capital total da Varig, recebeu com interesse a proposta do empresário. "Toda a vez que aparecem um interessado ou novo interessado, seja numa empresa do grupo ou no controle total, para nós isso é muito interessante", afirmou o presidente do conselho de curadores da FRB, Cesar Curi. Para a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, as propostas apresentadas vão de encontro com os interesses dos funcionários da Varig, como a manutenção do emprego. "Inicialmente no meu entendimento foi o único plano que apresenta dinheiro, investimento objetivando recuperar a empresa", afirmou Graziella. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, tem opinião parecida. "Até agora, esse plano é melhor que o apresentado pelos administradores atuais da Varig, porque garante o emprego, nível de salário e não fatiamento da empresa. Contempla nossas premissas", disse Selma. Plano alternativo O conselho de administração da Varig tem um outro plano do fundo de investimentos americano Matlin Patterson, que envolve uma operação de até US$ 103 milhões pela VarigLog. O plano de recuperação da Varig, capitaneado pelo conselho, prevê a demissão de 1,5 mil funcionários até o fim deste ano. Quem é Nelson Tanure? Nelson Tanure é conhecido por assumir empresas em situação pré-falimentar e não conseguir recuperá-las Conhecido por assumir empresas em situação pré-falimentar e não conseguir recuperá-las, o empresário Nelson Tanure é apontado como principal interessado para assumir a Varig. Ele tem uma fortuna calculada em meio bilhão de reais, segundo sindicalistas. No meio empresarial, ele é conhecido como figura polêmica. Tem outra fama: a de assumir empresas em situação pré-falimentar para buscar a recuperação. Tudo com métodos discutíveis. Foi dessa forma que Tanure assumiu os estaleiros Emaq e Verolme, além das empresas de mídia - Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil, jornais que estão abrigados na Companhia Brasileira de Multimídia (CBM). Contra esses jornais recaem centenas de processos trabalhistas. Todos reclamam dívidas como pagamento de salários atrasados, FGTS, verbas rescisórias. Mas a polêmica em relação a Tanure não está apenas na área de mídia. Em 1991, o empresário decidiu aumentar o capital da Sul-Americana de Engenharia (Sade). Lançou um lote de 21,5 bilhões de ações para aumento de capital, que foi comprado maciçamente pelos fundos de pensão das estatais. Recebeu US$ 12 milhões, dinheiro com o qual teria comprado o estaleiro Verolme, informação que nega. A operação ficou sob suspeita. O empresário foi acusado de ter sido beneficiado pela ex-ministra Zélia Cardoso de Mello - amiga pessoal - que teria recomendado aos fundos de pensão de estatais que subscrevessem as ações emitidas pelas empresas de Tanure. O caso acabou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o tráfico de influência de Pedro Paulo Leoni Ramos, conhecido pelo ?Esquema PP?. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que investigou o caso, mandou informações para a CPI dizendo que a Petros (fundo dos funcionários da Petrobrás) - um dos que comprara as ações - havia recebido ?ordens de Brasília? para a compra das ações. A CPI concluiu seus trabalhos e enviou relatório ao Ministério Público, mas nunca foi aberto inquérito policial e a ex-ministra e seu amigo, Nelson Tanure, não foram punidos.

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