A MP do Bem anunciada nesta quarta-feira pelo governo federal foi bem recebida por empresários, mas ainda insuficiente para reduzir a carga tributária e atrair investimentos. Eles cobraram ainda a extensão dos benefícios fiscais para outros setores, como os de energia e infra-estrutura. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello, a carga tributária sobre o setor é de 25,2%. Com a alíquota zero para o IPI definida na MP, a carga de imposto cairá para 23,2%. "A decisão do governo mostra que estamos no bom caminho, pois reduz o custo para quem faz investimento produtivo, mas o volume de impostos ainda é incongruente para um setor que emprega muito, exporta e é a base da modernização industrial do País", disse. A Abimaq defende o ressarcimento imediato do PIS/Cofins, atualmente em 12 meses, e do ICMS (48 meses) ou a isenção dos tributos no fornecimento. O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista, disse que as medidas de desoneração de investimentos são um primeiro sinal de que o governo admite a existência de distorções na economia. Para ele, a desoneração de PIS/Pasep e Cofins na aquisição de máquinas e equipamentos novos para as empresas que exportarem pelo menos 80% de sua produção "não estimula as empresas". De acordo com ele, essa medida beneficia apenas 200 empresas. O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, disse que isentar impostos é sempre positivo para atrair investimentos, mas que a isenção fiscal (de R$ 1,5 bilhão neste ano e R$ 3.3 bilhões em 2006) é muito pequena diante do valor do PIB, da carga tributária e do superávit primário. "Podemos avançar muito mais", afirmou. O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Claudio Vaz, disse que as medidas são um passo positivo dentro de um caminho ainda longo a ser percorrido. "É preciso ampliar o alcance das medidas", afirmou. Um ponto da MP que chamou a atenção do empresário é a compensação de créditos tributários com débitos previdenciários. "Ainda não é possível saber o exato alcance da medida, mas até então só era possível compensar tributos da mesma natureza", disse. "Essa mudança parece ser bastante positiva".