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Empresários argentinos acreditam que é hora de investir

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto na Casa Rosada, sede do governo, e no Ministério da Economia afirma-se que o país está vivendo um "veranito" (verãozinho) econômico, a população está cética sobre isso. Nas ruas, os argentinos admitem que a piora da crise é temporária, mas que ainda não são visíveis sinais de recuperação. "Pelo menos não afundamos mais ainda no poço e paramos de cair" é uma frase comum. No entanto, e apesar da crise, pequenos e médios empresários consideram que esta é a chance de investir e trabalhar duro. Eles afirmam que quem se instala firme agora, terá vantagens no futuro. Esse é o caso de Alex Tavano, 35 anos, arquiteto e dono de uma empresa de móveis de design, no bairro de Palermo. Alex abriu sua loja em 1999, com a recessão já iniciada. No meio deste último trecho da crise, ele afirma que até a desvalorização, concorriam com ele os produtos italianos: "Por exemplo, antes importava-se uma poltrona de US$ 10 mil que equivalia a 10 mil pesos. Agora, continua valendo US$ 10 mil, mas isso é proibitivo para os consumidores argentinos, pois são 35 mil pesos". Sem a concorrência dos importados, e contando com a qualidade dos produtos de design made in Argentina, suas vendas aumentaram 80%. Para Patvakan Bayandurian, 26 anos, um armênio que morou muitos anos na Ucrânia, e que está há três anos na Argentina, dos quais há dois com um salão de cabeleireiros, "as coisas atualmente estão piores". Segundo ele, neste segundo ano de funcionamento, tem mais clientela, mas apenas porque foi ficando mais conhecido em seu bairro, o de Monserrat. No entanto, admite que teve de aplicar algumas dolorosas estratégias, como reduzir preços. Embora tenha conseguido formar uma clientela fiel, "aquelas pessoas que vinham antes todas as semanas, agora vêm uma vez por mês". A 25 quadras de Patvakan, no aristocrático bairro da Recoleta, outro cabeleireiro, Christian Capobianco, abriu um salão há duas semanas. Confiança de que existe um veranito? "Não, mas é que se a gente for esperar que a crise passe, estamos acabados." No entanto, Christian, ao contrário de Patvakan, prefere não se concentrar apenas em sua profissão. Por esse motivo, metade do seu salão é uma loja de roupas, como estratégia para abarcar outro tipo de consumidor. "É uma variável. Chama a atenção", explica. Augustín, de 25 anos, estudante de engenharia, disse que aposta na reativação econômica, mas num futuro próximo. "Por enquanto não está acontecendo nada. Só paramos de afundar tão aceleradamente como estava acontecendo. A recuperação para valer vai depender do próximo governo. Só uns seis meses depois que tomar posse é que vamos poder começar a ter um pouco mais de previsibilidade." Segundo ele, o problema da Argentina é uma questão de gerações: "Eu vejo como pensam meus pais e avós. Falam para não arriscarmos. Mas se nós, jovens, não nos arriscarmos, o país continuará em crise." Augustín quer voltar à sua cidade, Cinco Saltos, na Patagônia, e abrir um escritório com amigos: "Vamos mudar minha cidade, e o país", sonha.

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