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Empresários do Brasil e do México querem acordo

Setor privado aproveita a visita do presidente Calderón e pressiona para que o comércio entre os países seja facilitado até junho de 2010

Por Raquel Landim
Atualização:

Empresários do Brasil e do México pressionam os dois governos por um "acordo amplo"até junho de 2010. O setor privado quer aproveitar a visita do presidente mexicano Felipe Calderón, que chega ao Brasil no sábado, para arrancar um compromisso político de maior abertura de mercado. Um documento produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior (COMCE) foi enviado a autoridades dos dois países na semana passada. No Brasil, receberam a carta o ministro de Relações Exteriores Celso Amorim, e do Desenvolvimento Miguel Jorge. Os empresários pedem o fim das tarifas de importação na maior parte dos produtos industriais, por meio da ampliação do atual acordo entre os dois países, que hoje, na prática, só funciona para automóveis. Na agricultura, os brasileiros reconhecem a necessidade de exceções para proteger o México. O setor privado quer que o acordo inclua compromissos de abertura dos setores de serviços e de facilitação dos investimentos. "A ampliação do acordo comercial é um tema prioritário da agenda. Deve haver alguma instrução dos presidentes nesse sentido", afirmou o cônsul do México em São Paulo, Salvador Arriola. Com a Rodada Doha paralisada e as barreiras argentinas contra produtos brasileiros, o mercado mexicano entrou de vez no radar da indústria brasileira. Segundo Soraya Rosar, gerente da área de negociações comerciais da CNI, setores como o de eletroeletrônicos e de carne e têxteis têm interesse em ampliar as vendas para o México. A corrente de comércio entre Brasil e México cresceu muito nos últimos anos. Saiu de US$ 1,7 bilhão em 1999 para US$ 3,3 bilhão em 2003 e US$ 7,4 bilhões no ano passado. O Brasil exportou para o México US$ 4,3 bilhões em 2008 e comprou do país US$ 3,1 bilhão. No entanto, a dinâmica do comércio bilateral mudou. Por conta da venda de carros mexicanos no mercado brasileiro, facilitada pelo acordo entre os dois países, as importações brasileiras de produtos mexicanos crescem mais de 50% nos últimos anos, enquanto as vendas brasileiras para o país caíram 4,4% em 2007 e ficaram estáveis no ano passado. Boa parte do fraco desempenho brasileiro é efeito da crise, que já vem provocando estragos na economia do México há bastante tempo, por conta da dependência do país das vendas para os Estados Unidos. Outro problema enfrentado pelos produtos brasileiros é a concorrência chinesa, que aumentou sua participação. "A crise impulsionou essa aproximação com o México, porque ninguém pode se dar ao luxo de perder mercados agora", disse Soraya. Os brasileiros têm enfrentado dificuldades em convencer os mexicanos a abrir seu mercado, e até causou surpresa os empresários do país finalmente aceitarem assinar o documento entregue aos governos. Em 2007, a CNI organizou uma missão de empresários ao País e conversou com autoridades e setor privado. A confederação chegou até a contratar uma consultoria para medir a receptividade dos empresários mexicanos a um acordo com o Brasil e a resposta foi negativa. Para não despertar polêmica, o documento atual não menciona o termo livre comércio. Os empresários preferem falar em abertura "substancial" do comércio, que poderia envolver a redução de 80% das tarifas. Na década de 80 e 90, era o Brasil que não queria fechar acordo com o México, com medo das "maquiladoras". Mas com a abertura da economia brasileira e com a ida dessas empresas para a China, o cenário mudou.

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