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Empresários foram tomados por "ganância infecciosa", diz Greenspan

Presidente do banco central dos EUA fez dura crítica ao comportamento dos empresários americanos; disse que a economia economia americana está crescendo em um ritmo superior ao esperado pelo Fed há seis meses, mas alertou que a recuperação será lenta; informou que os juros serão mantidos baixos até que a economia se fortaleça, mas não acenou com nova diminuição das taxas.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, Alan Greenspan, fez uma rara condenação do comportamento dos empresários norte-americanos, afirmando que eles foram tomados por uma ganância infecciosa no final da década de 90 e que o país está agora pagando o preço por essa atitude. Mas, apesar do momento atual, Greenspan sinalizou que não vê necessidade em dar à economia uma nova dose de estímulo. Em seu depoimento semestral sobre as condições da economia norte-americana ao Comitê de Bancos do Senado dos EUA, Greenspan tentou convencer os investidores e consumidores sobre o fortalecimento inerente da economia americana, que, segundo ele, está crescendo em um ritmo superior ao esperado pelo Fed há seis meses. Greenspan afirmou que espera que a economia cresça dentro de uma faixa entre 3,5% e 3,75% neste ano e 4% no próximo ano. Penalidades duras Greenspan atacou com veemência o empresariado norte-americano, especialmente, os executivos-chefes de má índole, defendendo a aplicação de penas muito severas. "Por que a governança corporativa e os balanços que nos serviram razoavelmente bem no passado entraram em colapso?", perguntou. "Na raiz dos problemas houve uma rápida ampliação da capitalização dos mercados acionários no final da década de 90 o que engendrou um aumento desproporcional das oportunidades para usuras", afirmou Greenspan. "Uma infecção gananciosa parece ter tomado conta de nossa comunidade empresarial. Nossos guardiões históricos das informações financeiras sumiram." Greenspan, entretanto, manifestou confiança de que o contágio chegou ao fim. "Talvez o recente colapso de barreiras protecionistas provocou uma especulação só vista uma vez a cada geração, mas essa fase agora acabou", declarou. "Como as oportunidades de lucro por malversação empresarial caíram significativamente, um número menor de práticas questionáveis deve ocorrer no futuro próximo", previu. Recuperação lenta O presidente do Federal Reserve alertou que a recuperação econômica, provavelmente, será lenta. Os investimentos das empresas, que recuaram no último ano, vão se recuperar, mas apenas gradualmente, segundo Greenspan. Os gastos dos consumidores não devem crescer tão rapidamente quanto o observado nos últimos anos. O declínio da renda doméstica por causa dos preços mais baixos das ações deve continuar contendo os gastos", disse Greenspan. O presidente do Fed afirmou ainda que os lucros das empresas, que devem ficar fracos por causa da debilidade do mercado acionário, deve forçar as companhias a oferecer mais dinheiro e menos opções de ações para contratar e manter seus principais funcionários. Uma vez que essa compensação deverá ser contabilizada como desepesa, os lucros deverão se depreciar. Juros baixos Diante das atuais circunstâncias, que incluem a possibilidade de diminuição dos casos de malversação empresarial, o Fed parece não estar inclinado a cortar as taxas de juro. Os contratos futuros dos Federal Funds mostravam recentemente uma chance em três de que o Fed cortará os juros em novembro. Mas Alan Greenspan tentou minimizar essas expectativas. "A postura adotada no final do ano passado em resposta às forças substanciais que restringiam a economia, provavelmente, não será compatível ao longo do tempo com o crescimento máximo sustentável e com a estabilidade de preços", disse. Greenspan afirmou que o Fed não elevará as taxas de juro até que surjam evidências de que as forças que estão inibindo o crescimento econômico estão se dissipando de uma forma suficiente para permitir que os fortes fundamentos da economia se mostrem por completo. Câmbio Greenspan afirmou que as mudanças das cotações das moedas no mercado resultam de vários fatores. Greenspan mostrou-se pouco disposto a afirmar que o dólar continuará enfrentando declínios persistentes. "Os movimentos no câmbio dependem das mudanças de percepções sobre os retornos relativos quanto aos diferentes países e das influências sobre as tendências relativas para importações e exportações". As informações são da Dow Jones.

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