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Empresários querem solução negociada na 'guerra do algodão'

Brazil-US Business Council faz proposta para resolver o conflito e impedir sanções a produtos americanos

Por Gustavo Chacra
Atualização:

CORRESPONDENTE / NOVA YORKO Brazil-US Business Council defendeu uma solução negociada para o conflito envolvendo o Brasil e os Estados Unidos na questão do algodão. O braço brasileiro da organização comercial, ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirmou em carta divulgada ontem que a imposição de medidas retaliatórias pelo governo brasileiro a produtos americanos não seria do interesse dos dois países.O anúncio ocorre na véspera da visita de uma representante do governo dos EUA ao Brasil para tentar convencer os brasileiros a encontrarem uma solução negociada. A embaixadora Miriam Sapiro, do U.S. Trade Representative, que cuida das questões de comércio internacional dos EUA, deve desembarcar em Brasília amanhã para negociar com autoridades brasileiras e impedir as retaliações. Não está claro qual a agenda. O Estado tentou falar com ela ontem, mas apenas obteve como resposta um comunicado dizendo que o governo americano "continua engajado com o governo brasileiro para alcançar uma solução negociada para impedir a imposição de medidas" .Depois de um embate iniciado em 2002, os brasileiros venceram a disputa na Organização Mundial do Comércio para poder retaliar os EUA. Os americanos, segundo a entidade, concedem subsídios ilegais aos produtores de algodão do país, o que traz prejuízos para os concorrentes brasileiros."Embora consideremos a retaliação um mecanismo legítimo em acordo com a OMC, reconhecemos e enfatizamos que isso não está no interesse de longo prazo dos dois países. Portanto, apoiamos a ideia de um pacote negociado que constitui uma alternativa para a retaliação comercial", afirma a carta assinada por Henrique Rzezinski, presidente do Brazil-US Business Council em Brasília ? há um braço da entidade nos EUA. Ele também assinou a carta em nome da Braztac, que significa Coalizão de Ação Comercial do Brasil, na sigla em inglês.A proposta ? que, de acordo com a carta, deve receber uma grande consideração do governo brasileiro ? prevê três pontos principais. Em primeiro lugar, o governo dos EUA precisam se comprometer com as decisões da OMC. O segundo ponto prevê uma compensação imediata e substancial dos EUA ao setor algodoeiro do Brasil. Por último, os EUA deveriam oferecer uma compensação adicional, com novas oportunidades de acesso ao mercado americano para exportações brasileiras.O Brasil já elaborou uma lista com 102 produtos americanos que sofrerão retaliação, caso não haja um acordo. Essas mercadorias pagarão sobretaxas que vão elevar o total a US$ 829 milhões, quando somadas a retaliações na área de propriedade intelectual. O governo americano tenta encontrar uma saída, mas esbarra em resistências do Congresso dos EUA, que precisa autorizar as mudanças nos subsídios. Muitos deputados e senadores são ligados a grupos lobistas dos produtores de algodão que tentam impedir o fim dos subsídios.

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