SÃO PAULO e BRASÍLIA - Enquanto parte dos empresários diz que o governo precisa melhorar a interlocução com o Congresso e se abrir ao diálogo para aprovar a reforma da Previdência, alguns líderes de grandes empresas acreditam que ao menos parte dos “ruídos” na discussão da proposta está na difícil tarefa de derrubar antigas práticas na relação com entre o Executivo e o Legislativo.
Nesse grupo está Rubens Menin, presidente do conselho da construtora MRV. “O governo de Jair Bolsonaro representa uma ruptura com o passado. Já tinha expectativa que não seria muito fácil (aprovar a reforma). Estamos exatamente neste ponto (de inflexão).”
Outro nome da construção, Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa, minimiza a turbulência da semana passada como “espuminha” e frisa que Bolsonaro “quer paz”. “Em toda mudança de governo, há ajustes a serem feitos.”
O discurso de Menin e Nigri encontra coro em Alexandre Grendene, cofundador da fabricante de calçados Grendene. “O problema é que faz 20 anos que os governos vêm aumentando privilégios, principalmente de uma minoria. Mudar tudo isso é difícil porque ninguém quer perder privilégios. Precisamos ter um pouco de paciência para começar a ver os resultados deste novo governo.”
Fiador do movimento liberal no País, Winston Ling, que tem negócios petroquímicos no Brasil e é dono de fintechs nos EUA, espera que Congresso e governo se acertem. “Aparentemente os dois lados são a favor da reforma. O ideal é que o governo aproveite seu capital político para aprovar as mudanças. Há uma discussão ainda do que é velha e nova política.”
Ling diz acreditar que o governo tem potencial para aprovar o projeto. O empresário segue à risca a cartilha do economista Paulo Guedes – ele ajudou a aproximar o ministro da Economia do presidente.