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Empresas aéreas estrangeiras ganham espaço

Por Agencia Estado
Atualização:

As companhias aéreas brasileiras estão perdendo cada vez mais espaço para as rivais estrangeiras nas rotas internacionais, enquanto se engalfinham em disputas tarifárias por passageiros no mercado doméstico. Segundo dados do Departamento de Aviação Civil (DAC), no primeiro trimestre de 2002 as companhias de outros países foram responsáveis pela maioria dos vôos realizados entre o Brasil e o restante do mundo. A questão foi incluída na pauta de discussões do fórum de competitividade criado pelo Ministério do Desenvolvimento para discutir os problemas do setor. O tráfego aéreo internacional é regido por acordos bilaterais, que limitam o número de vôos ou passageiros transportados e tarifas cobradas pelas empresas de cada país, garantindo igual número de freqüências para as companhias. No Brasil, entretanto, as empresas estão operando apenas 35% dos vôos semanais para o exterior autorizados pelo DAC, enquanto as estrangeiras aproveitam 60% das freqüências concedidas em seus países de origem. O resultado é que 50 companhias internacionais pousam e decolam dos aeroportos do País 281 vezes por semana, enquanto as 7 companhias nacionais com concessões de rotas para o exterior estão utilizando apenas 220 freqüências. "O mercado internacional é importante para o fortalecimento das companhias nacionais e tem reflexos nas contas do País", afirma o economista da Federação Nacional dos Aeronautas e Aeroviários, Cláudio Toledo, que sugeriu a inclusão de um painel sobre o tema no fórum de competitividade do setor, em Brasília. "Mas para competir com as estrangeiras seria preciso que as empresas brasileiras tivessem uma isonomia mínima de estrutura de custos, o que não ocorre. Se não houvesse limites para a atuação, as companhias do País seriam literalmente esmagadas." O diretor-geral da United Airlines no Brasil, Laurence Hughes, chegou a enfrentar problemas, depois de 11 de setembro, ao baixar os preços das passagens para os EUA além dos limites permitidos pelo DAC, mas diz concordar com as medidas restritivas. "Hoje, o governo brasileiro tem de proteger a indústria brasileira, mas é preciso definir por quanto tempo deve durar esta proteção", afirma, mesmo lembrando que o governo dos EUA incentiva a política de ?céus abertos?. Para Cláudio Toledo, o subaproveitamento das rotas pelas companhias brasileiras tem seu lado positivo. "Para mercados como os EUA, por exemplo, só as companhias nacionais têm espaço para crescer, pois as americanas já operam nos limites permitidos pelo acordo bilateral", explica. Os cortes nas freqüências internacionais após 11 de setembro de 2001 foi um fenômeno mundial. O detalhe é que, em muitos casos, o tráfego para o Brasil representa uma parcela pequena das operações das grandes companhias mundiais, o que permite que essas empresas lancem mão de estratégias mais agressivas para retomar o espaço perdido em menos tempo. Nos últimos anos, companhias como a Vasp e a Transbrasil abandonaram suas operações no exterior, sobretudo após a desvalorização cambial de janeiro de 1999. No primeiro trimestre deste ano, foi a vez de a TAM deixar de lado sua estratégia de expansão internacional, cancelando rotas recém-lançadas, para Alemanha, Suíça e Uruguai, e reduzindo freqüências para a Argentina e os EUA. O objetivo, de acordo com o presidente da TAM, Daniel Mandelli Martin, é estancar prejuízos acumulados em 2001 e focar as operações no mercado doméstico. Com o recuo da TAM, a Varig passou a dominar 84% da fatia do mercado internacional que cabe às companhias brasileiras. Depois de cancelar alguns vôos para amenizar os prejuízos associados a 11 de setembro, a Varig só agora começa a esboçar uma reação, anunciando para julho planos de retomada de freqüências para Nova York e um conjunto de rotas entre destinos na Europa e no Nordeste do País. Além disso, a companhia vai operar vôos para o Japão, em parceria com a All Nipon Airlines (ANA). São reforços que tendem a deixar a participação das companhias nacionais e estrangeiras no Brasil mais equilibrada, embora o aproveitamento das rotas de bandeira brasileira ainda se mostre aquém do ideal.

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