PUBLICIDADE

Empresas aéreas têm boas previsões para 3º trimestre

Por Beth Moreira
Atualização:

Apesar dos problemas enfrentados durante o segundo trimestre de 2006, que desestimularam o uso do transporte aéreo, as duas principais companhias aéreas do País - TAM e GOL - mantêm previsões otimistas para o terceiro trimestre do ano, até com recuperação da demanda. Permanece entre as empresas a esperança de que o governo encontrará uma solução para o caos instalado no setor. A percepção dos analistas do setor, no entanto, é que muitas variáveis importantes para o setor ainda estão indefinidas. Entre elas, a escolha dos vôos que ficam em Congonhas, o aumento do espaço para os passageiros nas aeronaves, além da questão dos controladores de vôo, que pode voltar a paralisar os aeroportos a qualquer momento. A previsão é que esse conjunto de fatores continuará afetando o resultado das companhias, não só no terceiro trimestre do ano, mas em todo o ano de 2007. O analista da Fator Corretora, Eduardo Puzziello, espera que as margens continuem pressionadas no terceiro trimestre por causa da crise, com aumento dos custos com pessoal, despesas com passageiros e combustível. No caso específico da TAM, também pesará a conta do seguro relativo ao acidente com a Airbus em Congonhas, ocorrido em julho e que vitimou 199 pessoas. ?O ano de 2007 mostrou a fragilidade do setor?, avalia. Os analistas da Planner, Ricardo Tadeu Martins e Heber Rios Santos acreditam, no entanto, que a Gol continuará sofrendo no terceiro trimestre do ano, com conseqüente reflexo nos seus resultados operacionais. ?Haverá uma redução na demanda de passageiros e maior concorrência entre as empresas, com a Gol possivelmente mantendo sua taxa de ocupação e tarifa média em níveis baixos comparadas ao ano anterior?, afirmam. Demanda menor O consultor da Bain & Company, André Castellini, especializado em aviação, também acredita que o terceiro trimestre deverá ser marcado por problemas no tráfego. O especialista acrescenta que as restrições em Congonhas também deverão ter efeito negativo sobre as empresas. ?Além disso, há uma redução da vontade de voar das pessoas, por conta do acidente da TAM?, afirma. Com a demanda menor do que o esperado pelas companhias, as tarifas devem continuar pressionadas. Outro analista espera que as duas empresas registrem resultados menores do que os projetados, mas melhores do que os obtidos no segundo trimestre. Ele acredita que a demanda apresentará pequena recuperação, uma vez que o governo está mostrando empenho em resolver o problema. No início do mês, durante apresentação de resultados do segundo trimestre, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da TAM, Líbano Miranda Barroso, disse estar confiante na recuperação das margens da empresa, apesar da baixa taxa de ocupação registrada nos primeiros 10 dias de agosto - o indicador ficou em 60% ante a média histórica para o mês de 64%. ?A tendência é de recuperação, apesar de o indicador ter ficado abaixo nos primeiros dias de agosto?, afirmou. A TAM prevê um crescimento da demanda no mercado doméstico entre 10% e 15%. No primeiro semestre do ano o segmento apresentou evolução de 12,6%. A companhia também mantém a meta de chegar o final do ano com participação acima de 50% do mercado doméstico. De janeiro a junho a empresa obteve uma parcela de 49,3%. A TAM programa ainda alcançar uma taxa de ocupação média no ano de 70% no mercado doméstico. Nos primeiros seis meses, o indicador ficou em 72,1%. A empresa também mantém como meta alcançar uma média no ano acima de 13 horas voadas por aeronave. No primeiro semestre, a média foi de 12,8 horas. Medidas atraem investimentos O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, admite que o segundo trimestre apresentou inúmeros desafios para o setor, mas ressalta que também abriu espaço para oportunidades que devem resultar em mudanças positivas para a aviação brasileira. ?Nós acreditamos que finalmente as atuais medidas irão trazer as mudanças e os investimentos necessários à infra-estrutura da indústria?, disse. O vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Richard Lark, ressalta que a expectativa é de que as condições do setor voltem ao normal e que a queda na receita registrada em julho seja recuperada em agosto e setembro, sem prejudicar o faturamento do terceiro trimestre. A estimativa da Gol é de crescimento de 12% na demanda do mercado de aviação civil no Brasil em 2007. O número é ligeiramente menor do que a previsão inicial, de alta entre 13% e 15%. De abril a junho, a TAM registrou prejuízo líquido de R$ 28,6 milhões, ante lucro de R$ 133,691 milhões apurado em igual intervalo do ano passado. A Gol obteve lucro de R$ 157 milhões no mesmo período. O resultado, no entanto, deve-se ao reconhecimento de créditos fiscais de aproximadamente R$ 200 milhões por conta da aquisição da VRG (Varig). Analistas lembram que os cancelamentos de vôos e atrasos ocorridos por conta da falta de coordenação do sistema aéreo brasileiro, combinados com condições meteorológicas adversas desestimularam a demanda, pressionando taxas de ocupação para níveis abaixo do esperado. Um analista afirma que as empresas esperavam uma recuperação dos resultados no segundo trimestre, depois de terem apresentado redução nos lucros nos primeiros meses do ano, mas foram surpreendidas por fatores que fugiram ao controle. ?As companhias contavam que os problemas do setor fossem amenizados no trimestre, o que não aconteceu?, afirma. elevação de custos Na Gol, especificamente, os custos cresceram em R$ 25 milhões no segundo trimestre por causa da crise aérea. A alta deve-se, principalmente, ao aumento do tempo dos vôos, atrasos e cancelamentos. O diretor financeiro da empresa ressalta ainda que a companhia deixou de faturar R$ 185 milhões entre abril e junho por causa do desestímulo da demanda ocasionado por causa dos problemas nos aeroportos. A TAM elevou seus gastos com combustível em US$ 7,5 milhões no trimestre por conta da crise do setor. Os gastos com atendimento de passageiros que tiveram seus vôos atrasados em mais de quatro horas totalizaram US$ 3 milhões. Foram despesas principalmente com hotel e alimentação. A TAM registrou uma tarifa média geral de R$ 236,00 entre abril e junho, com redução de 8,3% sobre o mesmo intervalo de 2006. As tarifas médias praticadas pela Gol, por sua vez, foram reduzidas em 11,5%, em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 190,00 para R$ 168,20.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.