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Empresas ainda acham difícil investir

Por Flavio Leonel e Alessandra Saraiva
Atualização:

A maioria dos empresários ainda sente dificuldade em realizar seus projetos de investimento. Sondagem de Investimentos da Indústria divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que 87% das empresas pesquisadas apontam algum tipo de dificuldade para realizar investimentos em 2009. Foram ouvidas 820 empresas entre os dias 15 de abril e 29 de maio. Em igual período do ano passado, o porcentual com essa mesma resposta era de 43%. Entre as empresas que estão com alguma dificuldade para investir, 50% apontam o cenário incerto da demanda como principal fator inibidor. Foi a primeira vez desde 2003, quando a FGV começou a fazer a pesquisa, em que os industriais citam a demanda incerta como o maior impedimento ao investimento. Outros 35% atribuem as dificuldades a limitações de recursos e 29%, à elevada carga tributária. A pesquisa também mostra que as empresas frearam os investimentos neste ano. Elas preveem crescimento de apenas 7,8% dos investimentos na comparação com 2008, quando a expansão foi de 16% em relação a 2007. Segundo 26% dos executivos consultados, as companhias nas quais trabalham não têm atualmente nenhum plano de investimento. É o maior índice desde os 28% registrados em igual período de 2003. No ano passado, a parcela de indústrias que admitiam não ter plano de investimento era de 14%. Para o economista Aloisio Campelo, coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV, esse quadro de dificuldades reflete a situação desfavorável que os industriais brasileiros enfrentaram no período em que a pesquisa foi feita. Entre abril e maio, observou, a economia ainda mostrava sinais tímidos de recuperação Apontada com maior frequência em anos de maior crescimento econômico e de maior grau de utilização das plantas industriais, a expansão da capacidade produtiva foi citada por 24% dos entrevistados como o principal objetivo para a realização de investimentos. É o menor porcentual desde 2000 (23%). "Acredito que esse resultado tem a ver com a desaceleração forte a partir do quarto trimestre do ano passado e até com o fato de que as empresas já estavam investindo bastante antes", analisou Campelo. Segundo a pesquisa, a principal razão das indústrias para investir é aumentar a eficácia em sua produção. Nada menos que 36% dos industriais disseram ter investido esse ano para melhorar este aspecto. Uma curiosidade citada pelo coordenador das sondagens da FGV no levantamento divulgado hoje está ligada ao fato de a carga tributária elevada, que havia sido considerada o principal fator limitador de investimentos nos cinco anos anteriores, ter sido lembrada em 2009 por 29% das empresas, o menor porcentual da série. Segundo ele, este detalhe tem ligação com as reduções nas alíquotas de impostos promovidas pelo governo para reativar a economia. Para Campelo, o grande fator inibidor para a obtenção de investimentos apontado pelo empresariado - as incertezas sobre a demanda - é resultado de um "horizonte meio nebuloso" que ainda cerca o futuro do setor no curto prazo. ''Já existem alguns sinais de melhora e de que já passamos pelo fundo do poço, mas ainda há uma dúvida quanto à velocidade de recuperação, que é natural, dado o tipo de crise que enfrentamos, com origem no mercado financeiro, com perda de crédito e de confiança", analisou.

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