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Empresas brasileiras voltam a captar dinheiro no exterior

Companhias brasileiras já levantaram mais de US$ 3 bi; movimento deve ampliar oferta de crédito no País

Por Leandro Mode e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

O otimismo que contagiou os investidores estrangeiros nas últimas semanas, responsável por grande parte da recente valorização do real e do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), começa a se espalhar para outros mercados. Um deles é o de dívida corporativa.

 

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Depois de enfrentarem enormes dificuldades para obter crédito entre setembro e dezembro do ano passado, empresas brasileiras voltam, aos poucos, a vender bônus no exterior.

 

Há ao menos dois pontos importantes nesse movimento. O primeiro deles é a confirmação da percepção externa positiva sobre o Brasil, uma vez que companhias brasileiras têm conseguido condições de financiamento melhores do que suas pares de países como Rússia e México. O segundo ponto é o efeito que essas captações podem ter sobre o crédito doméstico.

 

No auge da crise internacional, o mercado global de capitais ficou paralisado. Com isso, empresas brasileiras que costumavam tomar dinheiro emprestado lá fora tiveram de recorrer a bancos nacionais, prejudicando outros tomadores, como as pessoas físicas. Um caso exemplar foi o da Petrobrás, que em novembro precisou de um empréstimo de emergência de R$ 2 bilhões e acabou no guichê da Caixa Econômica Federal - tipo de operação incomum no País.

 

"A crise levou os bancos no mercado internacional a retraírem suas operações de crédito. Com isso, houve um congestionamento, uma redução da capacidade de o sistema financeiro atender a todos", disse ao Estado, em outubro, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa.

 

A entidade estima que o capital externo responda por cerca de 20% do total de crédito no País. "Uma melhora no exterior vai se refletir positivamente na oferta de financiamentos", diz o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg.

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Entre janeiro e meados de maio, as empresas captaram lá fora pouco mais de US$ 3 bilhões. Para se ter uma ideia, em todo o segundo semestre de 2008, essas operações totalizaram pouco mais de US$ 500 milhões. O governo também aproveitou a oportunidade e já levantou US$ 1,75 bilhão neste ano.

 

Segundo profissionais do mercado financeiro, há várias outras captações no radar. O Estado apurou que a Eletrobrás já contratou até banco para comandar uma emissão. Petrobrás, Vale e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também estão analisando opções.

 

"Os bancos percebem as melhores condições e vão atrás das empresas, que, por sua vez, estão desengavetando projetos de emissão", diz o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Alberto Kiraly.

 

Quem reabriu o mercado para as emissões brasileiras no exterior foi o Tesouro, que em janeiro captou US$ 1,25 bilhão. Em fevereiro, a Petrobrás obteve US$ 1,5 bilhão. Em março, os investidores se retraíram e não houve emissão brasileira.

 

Abril foi o mês mais forte da retomada até agora: a Odebrecht fez uma operação de US$ 200 milhões, a Telemar, de US$ 750 milhões, e a JBS-Friboi, de US$ 700 milhões. Em maio, o Tesouro voltou ao mercado e levantou US$ 750 milhões. Segundo o governo, a demanda foi muito superior à oferta.

 

A Odebrecht também percebeu uma procura bastante superior ao que foi oferecido. "Poderíamos ter captado mais do que os US$ 200 milhões", conta o diretor financeiro da companhia, Paulo Cesena.

 

Líderes da emissão da Odebrecht, Santander e o Itaú BBA dizem que vem mais por aí. "As empresas estão olhando o mercado com atenção. Vai ter muita coisa", afirma o diretor de Operações Estruturadas do Santander, Jean Pierre Dupui. "Estamos assistindo ao renascimento desse mercado", diz Douglas Chen, vice-presidente sênior da Itaú Securities.

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