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Empresas calçadistas de Franca sofrem com crise do setor

A pequena empresa Pontual fechou as portas na última quinta-feira; os funcionários da Samello, de grande porte, pararam e só devem retornar ao trabalho após o pagamento dos salários de setembro

Por Agencia Estado
Atualização:

A crise do setor calçadista de Franca, na região de Ribeirão Preto, atingiu a pequena empresa Pontual, que, desde o feriado, dia 12, fechou as portas, deixando cerca de 50 pessoas desempregadas. Os direitos trabalhistas ainda não foram quitados, mas a direção promete acertar tudo nos próximos dias. Outra empresa, de grande porte, a Samello, também enfrenta problemas: pela terceira vez neste ano, a maioria dos aproximadamente 650 funcionários de Franca parou e foi para casa na segunda-feira. Eles só devem retornar ao trabalho no dia 23, após o pagamento dos salários de setembro, que devem ser quitados nesta sexta. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados de Franca, Paulo Afonso Ribeiro, diz que as duas empresas enfrentaram problemas de gestão. A Pontual, que tinha quatro anos de atividades, por exemplo, teria um pedido de produção de 10 mil pares de sapatos femininos, mas ficou descapitalizada. "O problema não é produção, mas de gestão empresarial", afirma Ribeiro. Segundo ele, a empresa já estava atrasando pagamentos e recolhimento de FGTS, e os maquinários foram retirados da fábrica entre quinta-feira (12) e a madrugada de sábado (14). Um dos diretores da Pontual, Márcio Gonzaga, garante que a intenção é pagar todos os ex-funcionários com as vendas dos maquinários, até o dia 25 deste mês. O acerto das rescisões contratuais ocorrerá nesta quarta-feira. "Tentamos até o último dia não fechar, mas tivemos um prejuízo com um cliente", explica Gonzaga, reconhecendo que tinha o pedido de produção informado por Ribeiro. "Mas levamos o `cano´ e ficamos descapitalizados", justifica Ribeiro. A Samello, uma indústria tradicional em Franca, com 650 funcionários nessa fábrica, além de outros 300 na Paraíba, comprometeu-se a quitar os salários até sexta-feira, dia 20. Essas paralisações começaram em julho. Mas os funcionários estão preocupados com a instabilidade. A diretoria da empresa não se manifestou sobre a situação. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Elcio Jacometti, não falou sobre a crise francana especificamente, mas disse que esse setor e o têxtil do País enfrentam sérios problemas devido ao câmbio (dólar baixo) nos últimos dois anos, o que provocou demissões e fechamentos de fábricas, principalmente no Sul, onde estão as grandes indústrias.

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